sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Como ser voluntário em parques que trabalham com a preservação de animais selvagens?

Foto: Marilena Cantizani.

A África do Sul recebe turistas de todo o mundo que pagam para ser voluntários em reservas e fazer todo o tipo de serviço comum a esses locais.


Estamos sempre abordando temas relacionados aos animais de estimação, porque esse é realmente o nosso principal foco. Mas tem um assunto que surgiu por meio de conversas sobre viagens de entrevistados que é muito bacana. Na África do Sul são comuns os safáris pelas savanas cujo objetivo passou a ser, aparentemente, muito mais a contemplação e fotografia de animais selvagens do que a caça. Infelizmente isso não é tão verdade assim.

Mas além dos safáris, outra atividade de turismo comum tem sido os projetos voluntários naquele País em parques e reservas que oferecem diferentes tipos de trabalho em prol da preservação das espécies e dos locais que os abrigam. A experiência pode ser muito gratificante e, certamente, inesquecível.

Contudo, é necessário pesquisar bastante antes de se aventurar, pois existem locais onde os animais aparentemente são muito bem tratados, mas por trás de toda a beleza e de todo o trabalho, estão pessoas que mantém animais dopados, que estimulam a procriação com fins meramente comercias e outras coisas que uma das nossas entrevistadas vai nos contar. Tudo para garantir o lucro que a visita dos bem intencionados amantes dos animais oferecem durante todo o ano.

Primeiro vamos conversar com Vanessa Norcia Serrão,  paulista, residente no Rio de Janeiro. A Vanessa foi uma das primeiras entrevistadas do Cãopetente. Mas com o bate-papo, descobrimos uma infinidade de assuntos voltados para o mundo que amamos, dos animais. Hoje vamos contar sua experiência durante a viagem que fez à África do Sul para ser voluntária no Seaview Predador Park.
  
 



Cãopetente – Vanessa, conte-nos sobre como lhe ocorreu a ideia de viajar à África para trabalhar voluntariamente com animais selvagens.

Vanessa Serrão - Em 1998 fui à África do Sul como turista e tomei conhecimento do trabalho voluntário. Durante anos planejei participar de um projeto desses, até que em 2011 resolvi ser voluntária no Seaview Predador Park. Na África do Sul é muito comum o voluntariado na vida selvagem e existe em diversos parques com vários animais.





Cãopetente – Como era sua rotina no Parque?

Vanessa Serrão -  Tinha uma rotina bem puxada. Para citar um exemplo, os tigres de um mês precisavam ser alimentados muito cedo, então eu praticamente madrugava para dar mamadeira a eles. E não era só a parte boa de cuidar dos animais. Eu era responsável por recolher as fezes dos sete leões jovens, além de cuidados básicos como alimentação, higiene e lazer dos leões, tigres e demais bichos envolvidos no projeto de proteção à vida selvagem, além da interação com o público visitante, manutenção do local de trabalho e das trilhas, observação e estudo do comportamento dos animais. No entanto, havia uma escala, pois tinha voluntários da Inglaterra, Alemanha, Arábia Saudita, França e da própria África do Sul. Lá havia, além dos leões e tigres, linces, gambá e suricato. A matriarca se chamava Fat Mama.





Cãopetente – Onde ficam hospedados?

Vanessa Serrão -  Nós ficávamos dentro da reserva, e o dormitório dos voluntários ficava próximo ao local onde vivem os leões adultos, então dormíamos ao som do rugido deles! Uma experiência que jamais esquecerei! Como parte desse trabalho, visitamos uma creche na região e levamos doações.

Cãopetente – Existe um período mínimo para realização dessa atividade?

Vanessa Serrão -  O mínimo para realizar um trabalho voluntário lá é de 15 dias, mas no site www.volunteerabroad.com há os mais variados tipos de voluntariados em quase todos os locais do mundo.

Cãopetente – Tem vontade de voltar, Vanessa?

Vanessa Serrão - Tenho muita vontade de voltar e participar de um projeto com elefantes em outra reserva, mas confesso que estou tão envolvida com a causa animal por aqui, que dificilmente realizarei este projeto.

 

A Vanessa também atua como protetora de animais no Rio de Janeiro e pratica equitação. Mas essas histórias a gente conta depois.

Trabalho pesado, experiência inesquecível e um alerta importante



Marilena Cantizani, como foi dito acima, já faz parte da nossa matilha há algum tempo. Nós a entrevistamos por causa do trabalho que desenvolve na ResGatinhos, em Campinas. O nome já diz tudo, não é mesmo? Se ainda não leram sua entrevista e a de Matilda e Maria Mienta, cliquem nos links abaixo por que vale muito à pena. http://caopetente.blogspot.com.br/2013/10/protetores-de-animais.html e http://caopetente.blogspot.com.br/2013/11/matildae-maria-mienta.html.

Na sua viagem à África do Sul, ela deixou os pequenos gatinhos para cuidar de outros bem maiores. Marilena viajou em 2011 e explicou que muitas das informações passadas por ela podem estar desatualizadas, porque o parque para onde foi está em outro lugar. Trata-se do Kingdom of the White Lion. No fim das entrevistas, colocamos alguns links para os interessados pesquisarem. Mas nosso amigo Google nos dá incontáveis resultados.

 



Dentre as mudanças que Marilena cita é que o Parque ainda se mantém em uma área próxima de Johannesburg, no entanto num local ainda maior “e adjacente a um grande parque de preservação ambiental/animal, com o qual também trabalham.  Inclusive os voluntários agora têm a oportunidade de trabalhar também com os Big Five - leões, búfalos, rinocerontes, elefantes e leopardos - desse parque, além dos animais do Kingdom.”

 




Cãopetente – Conte-nos como foi essa experiência e porque quis ser voluntária em um Parque que abriga animais selvagens.

Marilena Cantizani - Fui para o Kingdom of the White Lion, a cerca de uma hora de Johannesburg, África do Sul. Viajei em outubro de 2011, e fiquei duas semanas no santuário. Tudo começou em 2009, quando assisti no YouTube um vídeo sobre um homem e seus leões: Kevin Richardson. Digitei o nome dele no Google, buscando mais informações, e descobri o site do Kingdom (http://www.lionwhisperer.co.za). Eles estavam começando com o programa de voluntários, e fiquei animadíssima! Sempre assistia programas no Animal Planet e via esse pessoal trabalhando em reservas e santuários, e morria de inveja, hehe. Prometi a mim mesma que iria, mas ainda levou um bom tempo para conseguir me organizar, tanto profissional quanto financeiramente.

No início de 2011 entrei em contato com eles (info@lionwhisperer.co.za) para obter mais informações sobre o que era necessário para me tornar uma voluntária. Quem me respondeu foi Mandy, a esposa do Kevin. Ela me passou os formulários para preencher, os valores, dicas de roupas a levar, vacinas a tomar (febre amarela, antitetânica, hepatite), um livreto com informações sobre a África do Sul e a região, enfim, todas as dúvidas foram tiradas por ela. Brasileiros não precisam de visto para a África do Sul.






Cãopetente – Qual o custo de uma viagem como essa? Nos dê os caminhos.

Marilena Cantizani  - À época, optei por fazer o pagamento direto para eles e foi dividia em duas vezes no cartão de crédito), apesar de haver outras opções. Pelas duas semanas paguei cerca de 860 euros. Esse valor é pelo programa de voluntariado, e inclui acomodação e traslado de e para o aeroporto (a cotação do Euro hoje, 21/02/14, está R$ 3,23). A alimentação é por nossa conta, eles nos levam ao supermercado uma vez por semana para comprar mantimentos e preparamos nossas próprias refeições no alojamento. Gasta-se entre ZAR500-800 (US$50-70) em mantimentos por semana. Passeios extras também não estão incluídos. A passagem aérea, vôo direto São Paulo –Johannesburg, saiu na época US$800,00 pela South African Airways. São oito horas de voo. Gostei muito da linha aérea. O pessoal do Kingdom está te esperando no aeroporto quando você chega.


  Cãopetente – Como funcionam as coisas por lá?

Marilena Cantizani  - Na época em que fui eles ofereciam voluntariado de duas ou quatro semanas. Hoje é mais flexível, oferecem desde uma semana até dois meses ou mais. Não havia limite de idade. Mas sei que a maioria dos programas de voluntariado tem um limite, geralmente 40 anos. Os voluntários vêm de todos os cantos do mundo, e o inglês é a língua oficial. Sem ele fica difícil se comunicar e entender o que é preciso ser feito. Na época em que fui o número de voluntários  era limitado a oito pessoas, devido à quantidade de camas disponíveis no alojamento. Uma casa linda com dois quartos, três banheiros, sala e cozinha. Há uma máquina de lavar roupa, e uma pessoa do santuário faz uma faxina geral, uma vez por semana. Homens e mulheres dividem esse espaço, mas quando fui éramos sete mulheres. Eles recebem voluntários o ano inteiro, mas não recomendo nem o inverno (muito gelado) nem o verão (muito quente e muita chuva). Em outubro, quando fui, é primavera. Nesta estação tínhamos que usar um agasalho logo cedinho e no final do dia, porque a temperatura caía bastante. Mas na segunda semana o calor chegou pra valer. Teve dia que atingiu os 40ºC. Tive muita sorte e não peguei nenhum dia de chuva.







Cãopetente – Como é o Kingdom?

Marilena Cantizani  - O Kingdom abriga leões, hienas e leopardos negros - estes em menor número devido ao custo de se construir cercados apropriados para eles, que como gatos escalam qualquer coisa. São mantidos separados em cercados enormes, com aproximadamente 10ha (100.000m2), e há uma área central com cerca de 25ha onde os animais são acomodados em modo de revezamento a cada duas semanas. Isso permite que os animais mudem de ambiente, percorram áreas maiores, e evita que fiquem entediados. A maioria dos animais é adulta, de vez em quando há filhotes. Eu tive sorte, pois quando fui eles tinham dois filhotes de hiena e dois de leopardo.

Mas o objetivo do santuário não é a procriação, pelo contrário, eles lutam contra a procriação em massa de filhotes de leões que hoje é feita na África do Sul para fins comerciais, tanto de turistas como dos próprios voluntários, que estão se tornando uma indústria em si. Depois que crescem normalmente acabam se tornando presas em 'canned lion hunting', uma prática horrível em que o leão é criado como se fosse gado, e depois de adulto é solto em uma área limitada para que 'humanos' possam caçá-los, pagando fortunas para isso. Os leões do Kingdom são ou castrados ou recebem injeção anticoncepcional.







Cãopetente – Como é o trabalho dos voluntários?

Marilena Cantizani - Os voluntários podem interagir e cuidar dos filhotes, mas não podem interagir com os animais adultos. Eles não são 'mansinhos', e somente Kevin e alguns dos funcionários fixos do santuário conseguem entrar nos cercados. O trabalho começa às 8h e vai até as 17h, oficialmente. Mas é comum ter que ficar mais tempo. Há intervalo de uma hora para o almoço. O trabalho braçal. O começo do dia é o mais gostoso, pois é quando alimentamos os filhotes. Como eu disse, tínhamos dois filhotes de hienas, que são bem mais tímidas, e os filhotes de leopardo, que são gatos tamanho gigante, e tão brincalhões e louquinhos quanto, hehe.

Temos que preparar e dar as mamadeiras, e eles também já estavam comendo pedacinhos de carne. Limpamos o cercado, recolhemos fezes, colocamos água fresca, brincamos com eles, levamos muitos arranhões, mas é demais! Os filhotes já tinham cinco meses, e novinhos assim já eram enormes, então precisamos tomar cuidado mesmo sendo filhotes, porque se distrairmos eles podem machucar mesmo sem querer. Eles querem brincar e não têm noção da força que já tem. Depois disso, cada dia tem uma tarefa, varia sempre e depende da necessidade do momento: percorrer as trilhas procurando por armadilhas ilegais, cortar e recolher mato seco pra fazer queimada, cavar e juntar terra para cobrir buracos na estrada, fazer limpeza das instalações e dos cercados dos animais, cortar carne em pedacinhos para os filhotes, alimentar os animais adultos que normalmente são alimentados duas vezes por semana. Aí, no dia seguinte temos que limpar e lavar o lugar onde eles comem. No final do dia, alimentar os filhotes novamente. É exaustivo, todo mundo cai na cama super cedo, hehe. O trabalho no sábado é opcional, mas todo mundo sempre trabalha. E o domingo é folga, daí podemos ficar de bobeira ou fazer algum passeio turístico. Nós fomos passar o dia em um hotel onde é possível fazer cavalgadas, alimentar elefantes, ver zebras, hipopótamos, etc.


Cãopetente – Há algo que tenha sido mais complicado de ver ou de fazer?

Marilena Cantizani - Tive que engolir seco muitas vezes, e segurar as lágrimas. Os animais são alimentados, na maior parte das vezes, com carne de cavalo. Normalmente animais velhos, doentes, ou que quebraram uma pata e foram sacrificados, e que são doados para o santuário. E também com frangos e pintinhos. Para quem é vegetariano foi difícil, principalmente ver centenas e centenas de pintinhos mortos (descarte da indústria, que não se interessa por pintinhos machos - não botam ovos - e os matam em câmaras de gás), e depois ter que manusear aquela carne para oferecê-la como alimento aos animais. A pior parte do dia era ter que entrar no frigorífero, nunca vou esquecer do cheiro horrível que era lá dentro.






Cãopetente – E quanto às outras pessoas voluntárias? Foi bacana a convivência?

Marilena Cantizani - Tive muita sorte com minhas companheiras de voluntariado. Eram pessoas muito bacanas e não houve qualquer problema de convivência. Estavam presentes Inglaterra, França, Alemanha, Suíça e Hungria, e eu do Brasil. Para mim foi um privilégio poder conviver com pessoas de lugares e culturas tão diferentes, e todas com o mesmo amor pelos animais. Esse mesmo amor pude ver em todos que trabalham de modo permanente no santuário. É um trabalho difícil, por vezes perigoso, mas eles estão sempre sorrindo e de bom humor, e tem uma enorme paciência em ensinar os voluntários o que precisa ser feito. Às vezes eu tinha a impressão que a gente mais atrapalhava do que ajudava, quer dizer, o tempo que eles levavam explicando, ou andando mais devagar para que a gente pudesse acompanhá-los, eles fariam a tarefa na metade do tempo!

Foram as duas semanas mais incríveis e intensas da minha vida, e eu com certeza adoraria ser voluntária novamente, estou pesquisando outros lugares para onde possa ir.







Cãopetente – Você fez um alerta sobre a utilização de animais para fins comerciais e de caça. Qual o alerta que pode nos dar sobre isso?

Marilena Cantizani - como eu disse acima, o voluntariado está se tornando uma indústriai. Alguns lugares estimulam a procriação para que sempre haja bebês para os voluntários cuidarem. Também fiquei sabendo sobre locais em que os bebês são separados das mães com poucos dias, para que acostumem com humanos. E até mesmo locais que mantêm os animais ligeiramente dopados para que seu manejo seja fácil. Então é preciso tomar muito cuidado e fazer uma pesquisa profunda antes de se voluntariar em qualquer lugar. É interessante entrar em contato com pessoas que já foram voluntárias lá e podem dar um relato real de como a coisa funciona.

É maravilhoso cuidar dos bebês e poder interagir com eles, mas quando me inscrevi no programa eu sabia que talvez não houvesse bebês para cuidar, foi realmente uma questão de sorte encontrar os quatro filhotes. É importante lembrar que o objetivo do voluntário é ajudar na preservação e bem estar de espécies que estão sofrendo com o domínio e destruição dos homens, e que não estão ali para entretenimento.


Alguns links relacionados ao assunto

http://www.lion-park.com/

http://www.statravel.com.au/tours-and-treks/Africa/Kingdom-of-the-White-Lion-Experience--1-STA_3x2rj

http://www.seaviewpredatorpark.com/

http://country.southafrica.net/sat/content/pt/br/what-to-do/the-great-outdoors/wildlife-and-safari/projetos-voluntarios-para-cuidar-da-vida-selvagem/

https://www.facebook.com/lionpark?ref=ts&fref=ts

Onde está o Zeus???

Vocês devem estar se perguntando: cadê o Zeus? Ele nem apareceu na introdução... É que quando ele viu as fotos dos "bichinhos", resolveu ir tirar um cochilo. Ou fingir que estava tirando um cochilo. E será por que ele colocou a bola ao seu lado? rsrs. Sei não. Acho que o cachorrão ficou mesmo foi apavorado!!!! E sabem do que mais? Tô achando que rolou um certo ciúme de tantas fotos lindas... Zeus, meu filhotão, eles são lindos, mas você é que é meu verdadeiro amor!!!


Até mais ver!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Acho que não quero mais outra vida...

Mar, areia, 'quintalzão'!



Eu tardo, mas não falho! Vou hoje contar como foi o meu primeiro contato com a praia. Para começar, nunca vi uma represa tão grande feito o mar! Não consegui encontrar o fim. No início fiquei achando que aquelas águas tinham algo contra mim. Mal uma onda estourava, vinha outra para me pegar. Mas observando as outras pessoas entendi que o mar é assim mesmo. É feito um cachorro que gosta do dono. Fica lambendo a gente o tempo inteiro. Até gostei. Comecei a pular aquelas ondas e me diverti à beça! Corri delas e atrás delas.



A areia também é tanta que nem quis enterrar meu osso por lá. Acho que diante de um lugar tão grande, nem meu faro ajudaria a encontrá-lo novamente. Mas me refrescar no mar e depois me enrolar na areia era a brincadeira predileta. Coitada da mamys, Não era nada fácil tirar, durante o banho, toda aquela areia que agarrava no meu pelo.



Minha 'dona de estimação' me levava para a praia bem cedinho. Depois que eu brincava um pouco, ela me deixava em casa, me dava banho de mangueira, secava e voltava para a praia sem mim. Cain... Me explicou que o sol quente não me faria bem. Que a areia poderia queimar minhas patinhas... Mas se eu não podia, por que ela ia? O sol faz mal apenas para os cachorros? Tenho que perguntar isso a ela. Inclusive, antes de sairmos de casa, ela até passava um creme branco na ponta do meu nariz, nas minhas orelhas e na minha barriga, que tinha como objetivo proteger minha pele contra os raios solares. Com essa proteção eu sinceramente acho que poderia ter ficado mais tempo na praia. Aff.

Extintor de incêndio na praia?


Eu sou um cachorrão um pouco possessivo, vocês sabem né? Minha 'dona de estimação' está me corrigindo e eu estou aprendendo. Mas o meu objetivo é proteger as pessoas e os nossos locais, ora bolas. Quando conheci a praia, pensei que aquele lugar seria só meu. Quando chegamos, o salva-vidas logo de cara nos deu as boas-vindas e disse que não haveria problema eu curtir uma prainha. Oba!!! Mas pensei que só ficaríamos eu, minha família, o salva-vidas e pronto. Que nada. Tanta gente caminhando de lá pra cá, inclusive passeando com alguns cães. Enquanto eu ficava solto, apenas corria pela areia e brincava na água. Quando alguém se aproximava, assim como o salva-vidas eu também dava minhas boas-vindas. Corria alegremente até as pessoas e fazia todo o ritual de acolhimento: rodar, pular, correr... Uns adoraram. Fiz alguns amigos. Mas outros... Pensei que estivesse agradando a todos, mas não. Algumas pessoas ficavam com medo de mim, mais uma vez com a desculpa de que eu sou grande e assustador. Tem hora que eu gostaria de encolher, pra ver se as pessoas param de ter medo. Mas isso não tem jeito, não é mesmo?



Diante disso, mamys fez o seguinte: quando a praia estava vazia, me soltava e me deixava brincar livre. Quando surgiam outras pessoas, colocava a guia e brincava comigo, tanto na água, quanto na areia. Aí já viu, não é? Algo acontece e não sei explicar. Mamys deixa a guia frouxa, conforme aprendeu, para não passar nenhuma mensagem de tensão para mim, mas não adianta. Impliquei principalmente com os vendedores ambulantes. Eles chegavam, eu me armava todo e latia, latia, latia... Mamys sabe que lato porque quero brincar com essas pessoas. Porém alguns humanos não sabem e eu fico com a fama de mau.



Não havia muito tempo para técnicas mais demoradas que me fizessem entender que aquela atitude em nada me ajudaria. Então foi o extintor de incêndio mesmo. Ele foi, por exemplo, a única, das inúmeras tentativas que me ensinou a não ladrar para tudo e todos que se aproximam do carro enquanto eu estou dentro dele. Antigamente eu latia para qualquer coisa quando passeávamos de carro. Até quando ultrapassávamos outro veículo eu fazia um verdadeiro escândalo. Agora não. Passeio tranquilamente.

Então o extintor foi a opção escolhida para que eu tivesse o mesmo entendimento em relação às pessoas na praia. Por um lado, nos divertimos observando  a cara de estranhamento das pessoas quando viam o meu 'dono de estimação' carregando aquele extintor nas costas pela praia. Algo bem diferente e inusitado, não é? he he he. O apelidamos de 'bombeirão da praia'. Ele não gostou muito, mas nós rimos bastante. E isso funcionou. Para não assustar aqueles que temem cães de grande porte, mamys continuou a me prender na guia. Quando alguém se aproximava e eu já me preparava para ladrar, o extintor era acionado. Comecei a ficar quieto e respeitar o comando de senta e fica, enquanto as pessoas passavam. Ela queria me gratificar por isso, me dando petiscos. Mas eu não quis. Afinal, meu grande prêmio era estar ali naquele lugar lindo.

Matilha, mas vale lembrar que existe técnica para usar esse equipamento. Inclusive, não é qualquer extintor de incêndio, tá bom? Também não pode jogar aquela 'fumaça' direto no meu focinho. E essa é uma alternativa extrema, geralmente utilizada para separar briga entre cães. Existem outras maneiras para ensinar. Só que como o tempo era curto e mamys não queria me deixar preso em casa, resolveu apelar logo para algo mais rápido. No entanto, antes de tentar quaisquer técnicas de adestramento, peça orientação a um profissional. E de adestramento inteligente. Já falamos sobre isso aqui. Técnicas que não usam a força, nem a violência, ok?

Meu primeiro dia

Quando vou passear em represas e rios, além de nadar, mato minha sede com suas águas. Mamys já havia dito que água do mar não se bebe, pois é muito salgada. Quis constatar, é claro. Bebi água com sal até não aguentar mais. Cuspia um pouco. Bebia mais. Resultado? Fiquei meio mareado, me sentindo enjoado. Minhas garrafinhas com água doce estavam lá. Mas não quis saber delas enquanto estava na praia. Era muita novidade e eu não queria perder tempo. Chegamos em casa, mamys insistindo para que eu bebesse água e eu teimando. Conclusão: a principal é que não vale a pena desobedecer mamys. Água salgada pode desidratar. Juntou tudo. A água do mar, meu cansaço da viagem, eu ainda estava refazendo meu horário de alimentação... De repente muito enjôo e diarréia. Tudo resolvido prontamente com a ida breve à veterinária, aquela picadinha com medicamento para acabar com meus enjoos, muita água de coco, canjinha de galinha e de um dia para o outro eu já estava ótimo e totalmente recuperado. Mas aprendi que água na praia só se for aquela da garrafinha ou de coco.



Outras aventuras

Minhas férias foram incríveis. A casa onde ficamos tinha piscina, um lindo quintal com uma grama deliciosa, muito passarinho, sombra de árvore e gente bacana. Além do vovô,  da vovó e da Cristal, os amigos de mamys me adoraram. Brinquei com todos que nos visitavam  e com aqueles da casa. Não precisava ficar preso. Só quando chegavam eu ia para a varanda para que eu não assustasse ninguém com minhas boas-vindas. Não entendo por que não posso pular nos amigos quando chegam. Eu só tento mostrar o quanto estou feliz com a presença deles ali. Mas sabe que alguns amigos até gostaram? Eu ouvia quando diziam para mamys: 'deixa ele pular. O que é que tem?' Mas mamys não deixa, senão eu nunca vou entender o que é certo e errado. Tanta regra... Conheci muita gente legal e que gosta de cachorro! Au au au au au



Quando as pessoas se esqueciam um pouco de mim, eu usava uma técnica infalível. Chegava de mansinho, sem ser observado, pegava sorrateiramente um chinelo da pessoa, tomava uma boa distância, olhava bem nos olhos da pessoa e adivinhem? Claro que assim, todos se levantavam pra correr atrás de mim. Sempre dava certo. Esse pessoal é bem apegado aos chinelos. Cada um com sua mania, não é? Mas teve um dia que dei uma canseira tão grande em todos que acabaram com minha alegria. Pegaram todos os chinelos e colocaram em cima do carro. Sem graça.



Na piscina não entrei. Achei aquele negócio meio estranho. Adoro nadar, mas em todos os lugares que fui, a água fica no mesmo nível do chão. Olhei para aquela 'banheirona' e pensei: como vou sair depois? Mamys tentou me ensinar, mas não insistiu muito. A piscina não era cercada e ela teve certeza que se eu aprendesse, toda hora eu cairia. Teve medo de que eu me empolgasse quando não tivesse ninguém na casa e de, por algum motivo, eu não conseguir sair. Seria muito triste, não é? Mamys é muito cuidadosa. Achou que em função do tempo curto que ficaríamos, seria melhor que eu continuasse temeroso e brincasse apenas ao redor da piscina.

Sou muito corajoso

Outra coisa que aprendi na casa foi subir em escadas que tem um buraco entre os degraus. Vocês conhecem mata-burros? São estrados instalados sobre valas e tem, como principal objetivo, desencorajar a fuga do gado, mesmo com a porteira aberta. Se eles não passam sobre aqueles negócios, por que eu vou passar? Não passo. As escadas que tinham lá, eram como mata-burros na vertical. Eu olhava para aquilo e pensava: se eu subir, vou cair no meio daquele buraco. E assim, quando todos estavam lá no segundo andar, só me restava deitar sob a escada e esperar que descessem.

Cansado dessa situação, depois de uns cinco dias resolvi que ia vencer esse medo. E sozinho. Mamys estava lá em cima. Meu 'dono de estimação' subiu e eu não estava mesmo afim de ficar lá em baixo sozinho. Coloquei a primeira pata, a segunda, parei. Fazia a mesma coisa novamente, respirava fundo e mais um degrau era vencido. Quando cheguei no meio do caminho, parei. Travei. Olhei para trás e pensei: e agora? Como vou voltar? Nunca mais poderei sair daqui? Estou preso!! Socooooooorro! Comecei a chorar e mamys chegou lá no topo para me salvar. Se agachou e me estimulou. Dizia assim: - "pode vir Zeus. Vem. Sobe!" Tomei fôlego e fui de uma vez só. Ploct, ploct, ploct.... Quando cheguei ao topo da escada, achei que merecia até um troféu. Fiquei tão feliz, mas tão feliz, que para mostrar aos papis o quanto eu fui corajoso, subi e desci aquelas escadas umas dez vezes, sem parar. Até me cansar. Fiquei tão orgulhoso de mim mesmo! E depois também pude brincar na casa da árvore que tem o mesmo modelo de escada. He he he.



Ida ao veterinário

Todos os dias foram incríveis e felizes. Me diverti demais. Mas mamys com essa mania de me levar ao veterinário... Às vezes exagera. Já tinha ido uma vez, pra que voltar? Dessa vez era para fazer as vacinas anuais. Ela queria me levar para conhecer o tio Marcelo. Ele foi veterinário da Brigite, minha irmã que eu não conheci, durante os seus 14 anos. Foi ele que me salvou, mesmo a mil quilômetros de distância, de uma gastroenterite quando eu era um filhotinho. Já contei essa história. Com uma certa dificuldade de achar quem me atendesse, mamys não titubeou. Ligou para ele, explicou detalhadamente o que estava acontecendo e seguiu todas as instruções dadas pelo doutor. Salvaram minha vida. Quando ela me disse que era ele a quem visitaríamos fiquei feliz. Apesar da agulhada. Tirei até foto com o tio Marcelo!!



Meus cinco minutos de fama

Deixei essa novidade por último. No Espírito Santo, fui entrevistado pela minha amiga Chloé, aquela que tem um diário no Facebook (Diário de Chloé). É um tipo de entrevista conhecida como Ping Pong. Tem foto e tudo mais. Mamys não conseguiu escanear a entrevista de uma maneira que desse para ler claramente. Acho que a foto ficou melhor Fiquei tão emocionado, afinal muita gente me conheceu lá na terra de mamys. Aliás, me senti em casa! E o melhor: acreditam que essa entrevista, que será feita uma vez por mês, foi estreiada por mim? Fui o primeiro a conversar com aquela gata fofa! Fiquei muito feliz e orgulhoso. Mamys também. Agradeço à Chloé e também a tia Rachel Martins que faz a coluna É o Bicho, do Jornal A Gazeta. Tenho ou não motivo pra ficar 'metidão'? He he he. Brincadeirinha, matilha. Sou o simples e lindo cachorrão de sempre. Amigo de todos!


A página abaixo é a reprodução do jornal que a tia Rachel mandou para nós. Valeu!!!



Na próxima semana voltaremos com as entrevistas com convidados.

Até mais ver e lambeijos a todos!

Zeus