sexta-feira, 30 de agosto de 2013


Adestramento com reforço positivo. 

Você sabe o que é isso?



Conheça melhor sobre o tema para fazer as escolhas certas e não se frustrar



Apesar de cada vez mais difundido, por meio inclusive de vários programas em canais fechados da tevê, o trabalho do adestrador nem sempre é compreendido da maneira correta e às vezes pode nos levar a buscar por um profissional não-qualificado, ou que utilize técnicas com as quais não concordamos.

Em qualquer consulta que fizermos na Internet, encontraremos diversas técnicas de adestramento. Adestramento de comportamento, de obediência, de agility, preparatório para exposições de raças, de ataque e defesa, de cão-guia, de farejador de minérios, farejador de narcóticos, entre outros. Quem gosta de animais e pesquisa sobre isso, também já deve ter ouvido falar muito em reforços negativo e positivo. Mas afinal, qual o tipo de treinamento queremos para os nossos cães. O que esperamos desses profissionais?

O fato é que estudiosos e pessoas ligadas diretamente a essa área tem buscado, cada vez mais, o reforço positivo, que possui como característica principal, recompensar o animal pelos seus acertos e nunca castigá-los pelos erros.

Ainda bem, não é mesmo? Porque pessoalmente, abomino qualquer tipo de atitude que necessite de algum ato mais agressivo ou quaisquer castigos para ensinar. Não concordo que nem crianças, nem os animais, precisem daquele velho ‘tapinha’ para obterem disciplina. Essa atitude, do meu ponto de vista, denota uma tremenda falta de habilidade, de conhecimento e de argumentos por parte daquele que diz que está ensinando. Ou a total perda de controle das situações, o que naturalmente pode gerar uma atitude que cause sérios prejuízos ao animal e levar ao arrependimento tardio.

Importante mesmo é conhecer o correto para não escolher o errado. Parece óbvio, mas não é o que vemos por aí. Conhecer também é necessário para que não esperemos encontrar a perfeição em nada. E por fim, lembrar que assim como os humanos, os animais também possuem suas necessidades e temperamentos diferentes. Respeite isso e tenha uma vida feliz com seu animal.

Na entrevista abaixo, a bióloga e adestradora de cães da capital mineira, Isabela Jardim, fala um pouco sobre seu trabalho que é de “adestramento de comportamento e obediência”.

 Isabela Jardim, 27, é formada em biologia e trabalha com adestramento há três anos. Seu interesse em treinar cães começou quando ganhou, há seis anos, sua primeira cadela, a Sabrina. Ela começou fazendo truques com Sabrina e achou tudo muito fácil. Mostrou aos amigos e estes começaram a pedir que fizesse o mesmo com seus cães. 

 Foi tudo tão simples que estranhei. Foi então que percebi que eu tinha essa facilidade de entender o comportamento deles. Mas só depois de formada é que me aprimorei com estudos nessa área e comecei a atuar profissionalmente como adestradora”, contou Isabela.

A educadora de cães tem mais duas cachorras, além da Sabrina, que é uma Poodle de seis anos. Suas companheiras são a Brisa, vira-lata de dois anos e Mabel, uma outra Poodle, a caçula da família com apenas um ano. Isabela diz que “todas são adestradas e o convívio entre elas e com as pessoas é bem harmônico. Mas longe de ser perfeito. Acho que isso é impossível em qualquer relação.”

As três cadelinhas da Isabela são adestradas e bem felizes. Olhem essas carinhas!
Cãopetente  – Explique a técnica que utiliza, de adestramento de comportamento e obediência.

Isabela Jardim - O método que utilizo no adestramento é o chamado reforço positivo. Ele consiste em treinar recompensando o cão sempre que atende o que lhe é pedido. As recompensas podem ser brinquedos, petiscos, carinhos, enfim, coisas que interessem ao cão. Utilizo o clicker para treinar. O clicker é um marcador de comportamento que produz um som bem distinto. Quando o aciono, o cachorro recebe a recompensa logo em seguida. Assim, ele  sabe que quando ouvir aquele clicker vai receber algo bom e repete o comportamento que queremos. Alguns treinadores ainda usam métodos aversivos ou reforços negativos - coleiras de choque, pancadas, cutucões, sprays de água e outros. Mas acredito que usando apenas reforços positivos é possível treinar um animal. A partir do respeito e não do medo o aprendizado é muito mais rápido, mais feliz e o animal tem menos chances de se tornar problemático no futuro.

Cãopetente – Há um animal mais difícil de ser treinado? 

Isabela Jardim - Qualquer animal pode ser adestrado, seja filhote ou mais velho, macho ou fêmea, e de qualquer raça. Um animal que seja inseguro é normalmente um pouco mais difícil de adestrar, pois é preciso antes do treinamento que o dono deseja, treinar esse animal para confiar no adestrador. Mas nada que impeça que o adestramento ocorra tranquilamente. Já o mais fácil é exatamente o oposto. Um animal que não seja medroso e que fique bem tranquilo perto de pessoas estranhas.

Cãopetente – Mas existe uma idade ideal para começar um treinamento?

Isabela Jardim - A idade em que o cachorro absorve melhor é de três aos cinco meses. Mas isso não quer dizer que se você treinar seu cão após essa idade ele vai aprender menos. Não existe idade ideal. Um filhote, considerado assim até um ano de idade, aprende com maior facilidade. Mas animais mais velhos também aprendem com facilidade, porém com menos rapidez. No entanto, o treinamento é tão eficaz quanto com cães jovens. Já adestrei um Poodle de nove anos e foi muito tranquilo

Cãopetente – Quando há um problema de comportamento, este precisa ser corrigido antes do adestramento? Ou o trabalho já contempla as duas coisas simultaneamente?

Isabela Jardim - Pessoalmente gosto de trabalhar as duas coisas juntas, porque ao abordar um problema de comportamento, ensinando um comando - senta, deita ou fica -, o cachorro consegue focar melhor no treinamento e entender o que queremos dele.

Cãopetente – Dê o passo-a-passo do adestramento.

Isabela Jardim - Gosto sempre de trabalhar no começo com comandos básicos, como ‘senta’ e ‘deita’. A partir do momento em que o cachorro está bem nesses comandos, aprimoro e dificulto, entrando com os comandos ‘fica’, ‘junto’, e assim por diante. Sempre trabalhando principalmente com o que o dono está mais incomodado. É muito raro me procurarem para adestrar apenas obediência. A grande maioria dos meus clientes me procuram em função de problemas comportamentais.

Cãopetente – Existe um ápice do aprendizado? Uma última etapa?

Isabela Jardim -  Isso depende muito do que o dono quer. O cachorro, assim como nós, nunca para de aprender. Podemos levar seu treinamento para sempre, com comandos cada vez mais elaborados. Depende de até onde você quer que seu cão chegue.

Cãopetente – Há animais que demandam mais tempo de treinamento? Quanto tempo, em média, é preciso para adestrar?

Isabela Jardim - O tempo de aprendizagem depende muito dos antecedentes do cachorro. Um cão resgatado das ruas, para citar um exemplo, pode apresentar inúmeros traumas e dificuldades, mas isso não impede que ele evolua rapidamente. São apenas mais questões a serem trabalhadas. Por isso, é impossível determinar o tempo de adestramento de um cão. Cada caso é um caso, cada cachorro é um cachorro. Depende muito da personalidade do animal e do envolvimento do dono no treinamento. Quanto mais o dono participa e trabalha junto às orientações do adestrador, mais rápido aparece a resolução do problema do animal, se for o caso.

Cãopetente – Então podemos afirmar que o comprometimento do proprietário é importante?

Isabela Jardim - O envolvimento do proprietário faz toda diferença. Quanto mais participativo, mais fácil para o cão assimilar e, consequentemente, mais rápido é o treinamento.

Cãopetente – Onde você adestra os animais?

Isabela Jardim - Eu vou até a casa do animal e, preferencialmente, trabalho com o dono ao meu lado. Não o adianta o cachorro ser super comportado comigo e quando chega para o proprietário, ele não sabe como dar os comandos ou como reagir a certas situações. Então o cachorro leva a culpa por não estar fazendo o correto.

Cãopetente – Quais os benefícios para os animais quando são adestrados? E para seus donos?

Isabela Jardim -  Para os animais é excelente, pois é um estimulo mental enorme. Eles sentem falta de gastar energia e de gastar o cérebro também. Precisam de estímulos e por meio do adestramento obtêm ê
xito. Além disso, imagino que deve ser um alivio finalmente entenderem o que os humanos querem deles. Para os donos também é muito bom estabelecer uma relação de confiança e entendimento com seu cão. Dessa forma, conseguirá o que quer do cachorro.

Cãopetente – O que é mais fácil e mais difícil em seu trabalho?

Isabela Jardim - Meu trabalho é muito gratificante e seria ingratidão demais eu reclamar. Sou uma dessas pessoas sortudas no mundo que fazem o que ama. Trabalhar com os cães é bem fácil e tranquilo. Os problemas surgem normalmente quando os donos não seguem o que sugerimos e não tem interesse no treinamento.




Quer conhecer mais sobre adestramento? Ou adestrar o seu cão? A Isabela Jardim mora em Belo Horizonte/MG. Mas existem muitos profissionais em todo o País. Apenas tenham o cuidado de conhecer o método utilizado pelo adestrador. Ninguém quer que seu animal aprenda a qualquer custo, quer? Procure referências, informe-se antes. Certamente terá um animal mais feliz e será um dono além de consciente, mais bem entrosado com seu animal.

Quanto a Isabela Jardim, posso dizer por uma experiência breve, porém muito positiva, que ela é bastante Cãopetente. Não é Zeus??? Não à toa quis que ela fosse a primeira a falar sobre o tema no blog. 

Conheça sua página no Facebook: Bela Educadora de Cães. 
Caso queiram entrar em contato, seu email é belajardimbio@gmail.com.

Esse assunto é muito importante e ainda há bastante a ser dito. Nosso próximo texto vai focar algumas questões comportamentais dos animais. A entrevista dessa vez será com a Adestradora e Consultora Comportamental, franqueada da Cão Cidadão, Cassia Rabelo Cardoso dos Santos. Para quem está antenado no assunto, a Cão Cidadão é a empresa do adestrador Alexandre Rossi, que preconiza o Adestramento Inteligente, isso é, também trabalha com o reforço positivo. 

Até mais ver.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O dilema da coleira


Isso mesmo. Para mim, desde que o Zeus passou a ter mais de 18 quilos, a coleira que eu usaria nele passou a ser um dilema! Zeus não caminha. Ele corre. Não acelera. Sai nos puxando com uma força que não consigo descrever; mas talvez vocês possam imaginar. Dada a minha forma nada atlética, isso se tornou um pouco mais complicado. A sensação que tenho é que saí de um carro e ao bater a porta, parte de minha blusa ficou presa. O motorista arranca o veículo e enquanto ele não para eu tenho que acompanhá-lo correndo para não ser arrastada. Pronto. Acho que consegui explicar a sensação.

Qual coleira? Como devemos utilizá-la? A resposta vai depender do tipo de animal que temos em casa. Se ele é adestrado ou não. Calmo ou não. Enorme ou não. Zeus ou não.

Coleira simples
Aquela do tipo enforcador nem passa pela minha cabeça utilizar em quaisquer situações. Desculpem-me aqueles que são adeptos. Mas até o nome já é meio assustador, não é não? Principalmente aquelas com garras. Aquilo é no mínimo cruel e, para mim, deveria ser proibido. Outra coisa que precisamos estar atentos é em como colocar as coleiras corretamente para evitar acidentes. Elas não devem ficar no meio do pescoço do animal e sim na parte mais alta, para evitar sufocamentos com os puxões. Também deve-se deixar uma pequena folga. A coleira tem de ser algo seguro mas, sobretudo, confortável para o animal. E no caso de um cão feito o Zeus precisa também ser resistente.

Coleira peitoral
Comecei com a coleira simples, com guias curta e longa, nunca retráteis. Também utilizei a coleira peitoral. Essa última funciona bem se o animal não tem esse ímpeto de ficar puxando quem o está conduzindo. Se for o caso, ela estimula mais esse gesto e precisa ser logo deixada de lado.

Até mais ou menos uns oito a nove meses de idade eu ainda dava conta de controlar os rompantes "labradorianos" do Zeus. Só que o peso e a força dele começaram a ficar desproporcionais à minha força. Sempre soube que adestrá-lo seria a melhor solução. Mas toda vez que me programei para isso, um imprevisto do tipo, falta de grana, ocorria. Ou ocorre. Tive até ajuda de duas amigas adestradoras, tanto com dicas para torná-lo mais controlável, quanto para experimentar novas coleiras. Mas ainda assim o fato é que o Zeus passou a me conduzir nos passeios e não eu a ele.

Então uma dessas amigas me indicou a Gentle Leader. Uma maravilha!!! Só não pode ser utilizada em cães com focinho curto. Parece com um cabresto. E sinceramente, no início não me causava uma boa impressão. Dava a sensação que iria machucá-lo. Mas se colocada corretamente, não impede o animal de cheirar, comer, latir, nada mesmo. Mas claro que ao tentar puxar causa um certo desconforto e é isso que o condicionaria a perceber que sem puxões, não haveria tensão na coleira e, consequentemente não teriam desconfortos.
Gentle Leader
Bem, até que deu certo no início, enquanto o Zeus ainda achava que realmente ela o limitaria. E eu, em contrapartida, também achei que isso o tornaria mais tranquilo. Doce ilusão. A coleira mesmo não o machucou. Mas ele continuava puxando, principalmente quando via outro cãozinho pela rua. Até o dia que ele decidiu que não ficaria de forma alguma com aquela tira no focinho e sentou a unha. O resultado não podia ser outro. Ele se machucou, não é? Não foi a coleira. Mas sua tentativa de tirá-la. Obviamente que eu nunca mais tive coragem de utilizá-la. Eu sei que sou mole e ele um oportunista! Mais um ponto para o Zeus.

Diante disso o que fazer? Não queria deixar de caminhar com ele. Então resolvi tentar a Easy Walk. Como observarão, esse modelo é bastante parecido com o peitoral comum que nós conhecemos. No entanto a guia é engatada na parte frontal do peito do animal e não no dorso, como naquela comum. Isso é que o impede de nos puxar. Até agora tudo bem!!!! Aparentemente, ela não oferece todas as vantagens da anterior.
Easy Walk
Mas se deu certo com o Zeus, para mim tem 100% de aprovação. Lógico que ele não perde a mania de querer puxar. Mas está dando mais resultado. Como nada no equipamento o incomoda, ele não corre riscos de se machucar novamente. Ela atua apenas quando ele quer sair correndo na minha frente e não consegue pois sua reação de voltar é instantânea. Está ficando melhor condicionado a permanecer do meu ladinho. Junto!

Ufa!!

No caso de controlar os impulsos do Zeus é necessário competência e paciência. Acho que tenho mais esta do que aquela. Mas o meu medo do labrador se machucar ou se soltar era tão grande antes da última tentativa com o novo modelo de coleira, que eu transmitia esse nervosismo e insegurança para ele. E esse meu comportamento também prejudicava os passeios. Mais tranquila e confiante, eu também consigo fazer com que ele permaneça mais calmo. Mas quando aquele cachorrinho ou cadelinha surgem em alguma esquina...

Ah, essa história eu conto depois. Quando eu conseguir conter os impulsos de macho do Zeus.

De qualquer maneira devo muitos agradecimentos às adestradoras Márcia Okabayashi e, principalmente, à Isabela Jardim. Ficamos muito mais seguros quando entendemos melhor o comportamento do animal. Elas merecem um carimbão de CÃOPETENTES.

Durante o dia

Para o dia a dia uso essas coleiras simples com identificação nossa e do cão e só a retiro à noite. A identificação é algo essencial. Isso porque caso 'acidentalmente' o acelerado Zeus resolva tentar escapulir quando abrirmos o portão e dar aquela sumidinha, alguém de bom coração pode nos telefonar para resgatá-lo. Mas nunca aconteceu. E espero sinceramente não ter de passar por esse estresse.

No nosso próximo texto falaremos sobre adestramento. Quem nos dará informações muito bacanas será a bióloga e adestradora, Isabela Jardim.

Na sequência trataremos sobre o tema comportamento animal. A entrevista dessa vez será com a Adestradora e Consultora Comportamental, franqueada da Cão Cidadão, Cassia Rabelo Cardoso dos Santos. Duas pessoas também falarão sobre a sua experiência com adestramento e consulta comportamental. Clientes da Cassia que estão muito felizes com os resultados.

Comportamento animal e adestramento. Não são a mesma coisa? Essa confusão existe sim. As duas coisas estão diretamente ligadas. As entrevistas elucidarão bem os assuntos.

Bem, na minha experiência precisei utilizar alguns modelos diferentes e pude passar essa experiência para vocês. No entanto, cada caso é um caso. Por isso, abaixo incluo dois links com dicas adicionais sobre coleiras e guias.


Até mais ver!

http://www.labellealana.com/2011/07/hora-do-passeio-forma-correta-de-passer.html

http://www.agendapet.com.br/2012/09/qual-e-melhor-coleira-para-o-seu-cao.html


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Sexta-feira 13. 

A história de Bia Alves




Eu nunca comprei um cão. Nem um gato. Já contei isso em outro artigo. Os meus bichos chegaram de formas variadas. Ou ganhei, ou herdei, ou adotei. Todos  super bem-vindos e amados. Raça, pedigree, não são descartáveis, mas não fazem a menor diferença. Como eu também já falei: nem eu tenho raça definida.

Mas tem algo que sem dúvida torna-se bem mais significativo quando decidimos adotar ou ajudar um animal a sair de uma situação de risco: a sensação de que salvamos uma vida. Temos esse mesmo sentimento com todos os seres mais frágeis. Quem suporta ver uma criança ou um idoso sofrendo, solitário, sem amparo e sem amor? E é bom dizer que não se trata de comparar ou nivelar. Mas é muita hipocrisia também querer que a dimensão positiva ou negativa das nossas escolhas tenha mais ou menos valor se é com um humano ou um animal, não é mesmo? Mas deixemos de conversa fiada e vamos ao que interessa. 

Hoje vou contar a história da Gabriela e da Bia Alves. Mãe e filha? Bem, o sobrenome é o mesmo. E a semelhança dos nomes? Um fato pode ser confirmado: uma tinha que pertencer à outra.

Era uma vez uma linda cadelinha que de tão preta, tão preta, tão preta, fora escolhida para adoção, mas com uma finalidade nada nobre. Eu diria até que cruel. O ano: 2010. Mês de agosto. Sinistro. E o agravante: sexta-feira 13. Que destino triste. Calma. Não fiquem assustados. Esse enunciado é só para demonstrar o que certamente foi o panorama macabro que ocorreu na imaginação zelosa do cuidador daquela filhote. Essa era a Bia. E esse foi o primeiro motivo que tornou sua adoção um pouquinho mais demorada. Passada a semana da sexta-feira 13, outro motivo atrasou por alguns poucos dias sua ida para a casa da Gabriela. É essa história que vamos contar, mas agora do início.

A Bia é essa ‘belezura’ de pelos pretos e luzidios. A gente nem sabe quem teve mais sorte. Se ela ou se a Gabriela, que decidiu adotá-la em um momento muito difícil de sua vida. A morte do seu pai, que ocorreu no mês de julho de 2010. 

A moradora de Sabará, em Minas Gerais, foi acometida de uma imensa tristeza, que naturalmente tomou conta do seu dia a dia. Gabriela se fechou para o mundo e as coisas não lhe davam mais alegria. Ela nos conta que sua irmã, Roberta, certa vez passou em frente a um condomínio residencial, no caminho que seguia para outra cidade mineira, Nova Lima; e viu um anúncio de filhotes para serem adotados. Enviou a foto dos cãezinhos para Gabriela, que imediatamente se apaixonou por uma 'jaboticabinha' de quatro patas. Preta, de pelo brilhante, conquistou a sua dona apenas pela foto."Sempre gostei muito de cachorro e fiquei muito mal com essa perda. Precisava de algo que me fizesse sentir melhor. Minha irmã ficava sempre atenta aos sites e Ongs. Quando ela me mandou a foto da Bia eu me alegrei rapidamente, coisa que estava sendo quase impossível de acontecer. Bastou uma foto". Pela primeira vez depois de dias, um sorriso apareceu em seu rosto. E assim teve início essa linda história que neste mês de agosto completa três anos.

Antes desse filhote, Gabi já havia pensado em comprar um cãozinho, mas por sorte, como ela contou, sua irmã estava atenta aos chamados para adoção na Internet e aos anúncios espalhados pelas ruas. A Bia e outros filhotes haviam sido abandonados, mas a pequena e linda neguinha, por causa da sua cor, rendeu um cuidado inusitado e interessante. Lembram-se do enunciado sobre a sexta-feira 13? Então, como a data é um pouco suspeita para supersticiosos, o protetor da Bia decidiu que aquela semana seria arriscada para doá-la, já que se tratava de um animal preto e algumas pessoas se utilizam deles e em datas como essas para a realização de rituais. Ele foi cuidadoso! Confesso que não teria pensado nisso. Mas o fato hoje também deve render umas boas risadas, não é?

Olha a pretinha ali no meio.
Só restava esperar. Porém, na semana seguinte mais uma surpresa, digamos que essa bem mais desagradável para as irmãs. O protetor informou que havia levado os filhotes, incluindo a Bia, a uma feira de adoção e ela tinha sido uma das escolhidas.

Pôxa vida. Será que não era pra ser? Claro que era. A Gabriela nos conta que “cinco dias depois o protetor traz outra notícia, desta vez, pra lá de boa! A Bia tinha sido devolvida e estava novamente disponível”. Ela ainda faz questão de ressaltar que “hoje, a Bia é a rainha da casa! Dona de uma energia inesgotável e dá a maior canseira em todos.”

Uma outra curiosidade. Sabem porque a Bia foi devolvida? Na casa para onde foi já havia um cão da raça Akita que, pelo visto, não queria muito dividir o espaço. Sorte da Bia que hoje tem um lar onde é mais que um cãozinho. Faz parte da família. Trouxe uma nova vida para Gabriela, força para encarar as dificuldades e novas perspectivas. Sorriso e alegria voltaram para aquela casa. E pelo visto, essa cachorrinha, cheia de mimos e regalias, que tem nome, sobrenome e até uma página no Facebook, não mudou apenas uma vida. O cotidiano da casa onde Gabi mora com sua mãe é outro. A Bia está em todas, sempre presente nas reuniões com os amigos, festas de natal, aniversário. Tudo, tudo. ´É uma integrante da família sempre presente e que, certamente, rende outras boas histórias e alegria. Olha a carinha faceira da Bia na foto, comemorando seu primeiro aniversário. Fina, não é?


Bia comemorando seu aniversário de um ano
Sempre gosto de repetir que optar por ter um animal de estimação envolve outros aspectos além da fofura desses bichinhos. Temos de ter comprometimento e responsabilidade. Zelar pelo bem-estar do animal e pela sua saúde, envolve gastos, tempo e paciência. Mas essa troca de um amor que não tem preço, não vale tudo isso?  

A Gabriela já teve outros animais, mas imagino que nenhum tenha chegado em um momento tão oportuno, que ocasionou mudanças tão grandes em sua vida. Agora ela está na iminência de adotar outro cãozinho. Como será que a Bia vai reagir? Estamos na torcida para que dê tudo certo. Mas acho que a Gabriela vai saber fazer uma socialização tranquila. Parabéns para a Bia que neste último fim de semana completou três anos. E parabéns, Gabriela que está mostrando que é CÃOPETENTE de verdade!

Olha a carinha da Bia. É pura felicidade.
Você também quer contar sua história aqui? A gente tem o maior prazer de conhecer e repassar o maior número de histórias felizes, principalmente com o intuito de estimular as pessoas a adotarem um animalzinho e quem sabe, também, modificar a visão daqueles que acham que um animal é só um animal e pronto. Modificar a forma de pensar daqueles que tratam seus bichos como coisas. Como algo secundário que não precisa de amor, carinho, respeito e responsabilidades.

Até mais ver!


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

TÔ mAU!   Sarna Demodécica 



Ninguém quer ver seu animalzinho doente. Isso é o óbvio. Só que para aqueles donos de animais de estimação pouco observadores, que na verdade tem o bom e velho “melhor amigo só de quintal”, alguns males podem passar despercebidos. Quando se tornam problemas graves a correria é grande, os gastos maiores e, o pior, a doença pode estar em um estágio tão avançado que perdemos a luta por falta de atenção ou negligência.

Quando uma amiga, Jeovanna Maria, me contou que o Wellington foi diagnosticado com Sarna Demodécica, a fala que me marcou foi: "tô arrasada". E quando os amamos de verdade, é assim que nos sentimos. Por isso será o primeiro tema de saúde animal que abordaremos no Cãopetente. Primeiro vamos apresentar o Wellington. Aliás, essa carinha aí em baixo nem precisava de muita apresentação, não é mesmo?

O Buldogue Francês de um ano e três meses, apresentou os sintomas há algum tempo. "Há cerca de seis meses sua pele ficou avermelhada com textura áspera e odor. Teve queda de pelo, as lesões foram se espalhando e eu, erroneamente, descartei a possibilidade de Demodex, porque o compramos de um canil que nos enviou junto com sua documentação, um certificado que 'garantia' a ausência da doença, que é adquirida no processo de gestação e parto".

Pois é. O início do tratamento correto do Wellington sofreu um atraso por causa de uma informação errada. Como o canil poderia garantir que a doença não acometeria o cão? Antes da confirmação da Sarna, ele foi medicado com antibióticos, antifúngicos, inclusive a família chegou a imaginar que poderia ser uma reação alérgica à alimentação.

Sua doença foi diagnosticada durante um banho, quando a veterinária decidiu fazer uma raspagem no Wellington e apresentou o laudo. Desde então, a boa notícia é que esse cão com cara de artista de cinema está melhorando a olhos vistos. Permitam-me uma aparte? Ele é muito lindo!!!

O Zeus está na torcida, Wellington. Na torcida para que o estágio "tô mal" (ou tô mAU, rs), passe logo para o "tô bombando!". Sara logo, viu?

Afinal, o que é a Sarna Demodécica?

O médico veterinário, Daniel Ribeiro Martins, explicou que a doença é causada pelo ácaro Demodex Canis. "O Demodex Canis habita a pele dos cães. Todos possuem uma carga desse ácaro, porém alguns apresentam uma colônia excessiva quando a imunidade está baixa, causando assim o surgimento de lesões na pele".

Seus sintomas podem ser a perda de pelos, pele avermelhada ou ainda seu escurecimento e/ou espessamento. Pode também ocorrer a descamação ou a formação de escamas ou caspas na pele do animal.

Mas Daniel dá uma super dica para tentar evitar que a doença volte. "Uma consideração muito importante no tratamento é a prevenção que é feita por meio da castração. Nas fêmeas que apresentam a doença é muito comum que ela volte quando o animal entra no cio, pois é normal uma baixa imunológica".

O veterinário diz que as áreas mais comuns de lesão são ao redor dos olhos, orelhas e extremidades - patas e cauda.

Imagem retirada da Internet. 
Quando olhamos para sua aparência logo nos vem a sensação de uma terrível coceira, não é mesmo? Pois Daniel também contou que de uma escala de 1 a 5, essa coceira abrange os graus 2 ou 3. Para fazer um comparativo com um outro tipo de sarna, na Sarcóptica esse grau transita nos maiores índices, o 4 ou o 5.

Não é exatamente um alívio, mas é legal saber que o Wellington não chegou ao ápice da coceira não é? Ainda mais no Rio de Janeiro, onde ele mora, cuja temperatura é quase sempre muito alta. Coitadinho!

Algumas raças estão mais predispostas a ter a doença, entre elas o American Pitbull Terrier, Akita, Chow-Chow e Sharpei. Ela pode se apresentar também em gatos.

Tratamento

Aqui no Cãopetente não serão divulgadas formas de tratamento, tão pouco nomes de medicamentos, pois não queremos estimular a auto-medicação.

Mas algo bacana que o dr. Daniel disse é que a realização periódica de hemogramas poderá avaliar a imunidade do animal. Se você trata uma causa, evita a doença. não é mesmo?

Há ainda pessoas que apostam em tratamentos alternativos, mais naturais. Desde que acompanhado por um profissional e que haja resultado efetivo para o animal, qualquer tentativa valerá a pena. Mas o mais importante é nunca deixar de levar o seu amiguinho a quem de fato poderá dar início a uma investigação para descobrir quaisquer doenças. Ao nos arriscarmos a medicar nossos bichos podemos criar um novo problema em sua saúde. Pois o efeito pode ser contrário ao que esperamos ou pior: pode se tornar mais grave ou fatal.

Contudo, quando conhecemos melhor alguns sintomas podemos passar informações valiosas para abreviar o diagnóstico do doutor, não é mesmo? É a nossa proposta.

Selecionei alguns links na Internet e os disponibilizo abaixo, para que obtenham mais informações. 

Valeu doutor!

O Cãopetente agrade ao dr. Daniel, médico veterinário que se prontificou a responder nossas dúvidas. Conheça um pouco o seu perfil.

Daniel Ribeiro Martins. Formado em 2008 pela Faculdade de Jaguariúna, São Paulo. Atua na clínica médica e cirurgia de pequenos animais. Veterinário de cães e gatos, está concluindo pós-graduação em Clínica Cirúrgica, na Quallitas, em Campinas. Antes atendia em domicílio. Mas agora está investindo numa clínica e logo, logo atenderá na Zona Leste de São Paulo. Possui um blog que dá dicas de primeiros socorros para tirar nossos animais do risco até chegarmos ao veterinário. Vale a pena conhecer. É o http://danielveterinario.blogspot.com.br/

Quer saber mais sobre alguma doença específica? É só pedir que a gente corre atrás da informação. Procuraremos, sempre que possível conversar com um profissional para garantir que a informação esteja correta.

Até mais ver!


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Minha vira-lata e um acordo com 'papai do céu' 


A gente às vezes, não por desinteresse, mas por não dar prioridade a algo, tem um olhar muito superficial sobre determinados assuntos. Sabemos que as coisas acontecem, até como elas acontecem, mas aquilo vai se tornando banal. Isso é indesculpável em algumas circunstâncias. Pelo menos para mim que sempre tive paixão e zelo pelos animais. Acho que faço pouco pelos bichos que precisam. Aliás, diante de tantos benfeitores de verdade, eu não faço nada. Mas abomino veementemente as maldades que alguns são capazes de fazer contra tão inocentes seres. E acho que esse pavor por gente desse tipo tem uma explicação muito maior do que o bom senso e a consciência. 

Minha primeira história de amor por um bicho, pelo menos que eu me recorde, foi com uma cadela vira-lata. Eu morava em Belo Horizonte, em um bairro afastado do Centro da cidade. Do quarto andar do prédio em que eu morava, inclusive era o último andar, eu sempre via uma cadelinha bege do tipo comum, fuçando lixo, recostando-se num cantinho do prédio, perambulando pelas ruas, e minha grande vontade era ir lá brincar com ela. Eu devia ter uns oito anos de idade e era uma típica criança de apartamento, mas com todas as vontades daquelas que podiam ir pra rua, que tinham quintais com bichos de estimação e, inevitavelmente, como quase toda criança, dava minhas escapulidas com aquele sentimento de aventura e medo. É, porque a chinelada ia correr solta se eu fosse pega. Aquela cadelinha fazia parte das minhas aventuras. Ia brincar na garagem do prédio e comecei a chamá-la para dividir comigo as peraltices que até então eram solitárias. Se dei um nome àquela gracinha eu não sei. 


Mas da carinha dela eu nunca vou me esquecer. Mesmo vivendo nas ruas, parecia sempre feliz. E o rabinho dava sempre um jeito de sinalizar sua alegria. Comecei a comer menos no almoço e roubar pedaços de pão para alimentá-la e ela, super grata e linda, me lambia a cada pequena refeição que eu a oferecia. Com o passar do tempo ela já dormia na garagem, onde passou a se sentir amada e protegida. Finalmente ela podia ter um porto seguro. Mal sabia que eu nem mandava nos meus desejos e que mantê-la ali era o maior risco que eu já havia corrido em toda a minha vidinha. 

Ia para escola preocupada com seu bem-estar. Será que ela está bem? Será que a encontraram? Também não me lembro dos detalhes, mas o fato é que um certo dia fui descoberta pelos meus pais. Talvez um vizinho dedo-duro que se incomodou com um breve latido ou uma demarcação de território em um dos seus pneus. Sei lá. Essa parte me emociona até hoje. O meu pai naquela época não pestanejou. Colocou a minha cachorrinha no carro e a soltou, segundo eu mesma ouvi ele dizer à minha mãe, no Centro de Belo Horizonte. 


Da mesma forma que ela foi meu primeiro animal de estimação, aquele era meu primeiro sofrimento de verdade. Chorava escondida. Olhava todos os dias pela janela com o coraçãozinho disparado, só esperando que ela estivesse ali no mesmo cantinho dormindo e esperando por um pouquinho de comida e um ‘tantão’ de carinho. Mas nada. Dias depois, mais de uma semana depois, a minha mãe que também se surpreendeu com o que via, me chamou na porta da sala. Lá estava ela. Meu anjo, minha cadelinha, mais magra que o normal, com alguns pequenos machucados, subiu os quatro andares de escada e esperou por mim na porta do apartamento. Eu não sabia o que fazer, como agir. Minha alegria e meu pânico do que poderiam fazer contra ela novamente eram sentimentos confusos e misturados. O que eu poderia fazer? 

Bem, acho que toda criança pede para ‘papai do céu’ uma ajuda nessas horas. E eu pedi. Implorei. Rezei para que me deixassem cuidar dela para sempre. Que se comovessem e nunca mais fizessem qualquer maldade com ela. Pedi que ela fosse minha para sempre, pois eu queria alimentá-la e protegê-la. Pensei: tanta gente grande contra um cão tão pequenino e indefeso? Mansa e linda? E sobretudo, ela era minha! Com que direito podiam tirá-la mais uma vez de mim? 

Os dias se passaram e ela foi recuperando peso, foi ficando alegre de novo e eu sempre contava a história da minha incrível e esperta cadelinha que foi solta em um lugar desconhecido e voltou pra mim. Contava na minha escola. Afinal, ela era uma heroína. Uma guerreira. Bem, minhas preces infantis e ingênuas de nada adiantaram. Foi também a minha primeira decepção com o tal ‘papai do céu’. Logo ele, que eu tinha ouvido falar que jamais negava um pedido a uma criança e que não abandonava os animais. Ele não me ouviu. Ele me traiu. Assim eu me sentia. Nunca mais eu soube do paradeiro da minha amada cadelinha. Nunca. Procurei, chamei, deixei comidinha, chorei. Nada adiantou. 

Depois daquele dia que cheguei da escola, almocei e corri para a garagem para dar uma parte do meu almoço para ela e vi que a minha esperta cachorrinha não estava lá e nem em lugar nenhum o meu mundo de tantas possibilidades foi se tornando um universo de falta de esperança. Dias se passaram. Meses. E ela nunca mais voltou pra mim. Até hoje lembro dessa história. Tenho mais de 40 anos e nunca me esqueci daquele bichinho que foi tirado de mim de maneira tão cruel. Mas, mais cruel é ter condenado o cão a se afastar do seu porto seguro e ter sido ela e não eu a mais punida. Punida porque uma criança a adotou, a amou e quis ter cuidado dela todo o resto da vida. 

Quando ela foi embora o meu mundo perdeu um pouquinho das cores que toda criança tem. "Criança esquece logo. Compra um brinquedo que passa". Não passa. Não passou comigo. Eu nunca esqueci. E durante um bom período me senti culpada de tê-la amado e cuidado dela por algum tempo. Pois eu pensava: "se eu nunca tivesse chamado a minha cadelinha para a garagem, ela estaria ali, naquele cantinho do prédio até hoje". Quando saía de carro com meu pai, sem que ele sequer observasse, eu procurava em todos os cantos a minha cachorrinha. Cultivei durante muito tempo a esperança de encontrá-la. Criava planos para escondê-la e não deixar que nunca mais a tirassem de mim. Às vezes pensava no quanto ela poderia estar sozinha e triste e com fome e com frio. Eu me culpava. E por fim eu disse ao 'papai do céu': 'você foi muito mau. E dizem que todo mundo que é mau merece castigo. Eu faço um acordo com você. Se não quer ser castigado, faça pelo menos uma coisa: leve a minha guerreira cachorrinha para um lugar onde todas as pessoas adultas cuidem dela de verdade. Não façam maldades. Se você fizer isso eu vou torcer para que não seja castigado. Eu vou até te desculpar'. Coisas de criança... 

Infelizmente essa não foi minha última experiência triste com animais com os quais convivi. Enquanto não pude tomar minhas próprias decisões, pagar minhas contas, tive que suportar me afastar ou perder esses anjos. Mas isso depois eu conto. Eu escrevo essa lembrança para que as pessoas pensem o quanto é cruel abandonar um animal. Seja responsável. Não maltrate, não abandone. Esses bichinhos jamais farão algo contra alguém. E eu sinceramente nunca vou compreender como pessoas, ditas racionais, os humanos, podem ser tão insensíveis para achar que bichos não sentem, não sofrem... Animal não é uma coisa qualquer. Ser irracional não pode ser tornar uma desculpa para cometer atrocidades e nem sinônimo de abandono.

Até mais ver!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Ter ou não ter animais de estimação?

 Eis a questão.


Começo com uma pergunta e uma sugestão. Quem se julga Cãopetente na relação com seu animal de estimação? Me conte sua história. Envie para o meu email. Terei prazer em publicá-la se estiver enquadrada na nossa proposta. Daqui a alguns dias contarei uma bela história entre um cãozinho adotado e sua dona. Mas agora vamos trocar uma ideia sobre a séria decisão de ter animais?


Há quem ainda olhe para os animais como coisas que podem ter alguma utilidade. Coisas? Hum... Tudo bem. Nem são racionais mesmo. É, não são. Mas nós urbanizamos os seus ambientes - oba!!! -, e transformamos o habitat dos irracionais em algo que muitas vezes é absolutamente inadequado às suas necessidades. Domesticamos, treinamos, escravizamos, os tornamos bibelôs. As opções são inúmeras. Sobre os cães o que se afirma é que se trata do mais antigo animal domesticado por nós1. 

Uma recente teoria aponta que cachorros são companhias dos humanos há cerca de 30 a 40 mil anos. Isso está sendo defendido pelo pesquisador - considerado questionável por muitos -, Mark Derr, no seu livro: How the dog became the dog - from wolves to our best friends2. O fato é que sejam 15 mil, tempo que a maior parte dos pesquisadores defende, ou 30 mil anos, já não deu tempo de enxergarmos esses seres com mais responsabilidade e generosidade, não deu? 

Talvez você que está lendo esse texto agora está se perguntando: mas nós já não tratamos os cães, por exemplo, como os nossos melhores amigos? Bem, minha experiência com Zeus mostra outra realidade. Eu moro há quase dois anos numa cidade de Minas Gerais com um perfil bem interiorano, apesar de sua população de mais de 80 mil habitantes. E acreditem, a forma como trato meu Zeus ainda causa espanto e motivo de piadas para muitas pessoas. E olhe que eu nem sou dada a exageros, posso afirmar. Muitos veem 'esse bicho' como ‘algo’ que tem que ficar lá no quintal; melhor preso em uma corrente; ‘coisa’ que pode livrar os intrusos noturnos da casa; que pode comer qualquer coisa, aqueles restos; que deve aprender a ter bons modos na base da pancada, ou de eventuais chutes; que não sentem frio; que não precisam se socializar; que não possuem medos e necessidades; que vacinas precisam ser dadas apenas no início de suas vidas – exceto a antirrábica – e por aí vai. É geral? Claro que não. Mas é recorrente.

Outro dia fui ao abrigo municipal de animais da cidade, onde também funciona uma instituição de proteção aos animais. Fui levar caixas de papelão, sacos de juta e selos que vem na embalagem da ração que dou ao Zeus e que podem ser trocados gratuitamente por rações desta marca. Nada demais. Muito pouco, inclusive, para as necessidades de todos aqueles cachorros. Enquanto estávamos conversando com um funcionário de lá, chegou um casal e a mulher só queria saber se, assim que sua cadela desse cria, se ela poderia levar os filhotes para o abrigo. “Lá em casa são cinco cachorros e não temos condições de criar mais”, disse ela. Ok. Mulher fala muito e eu um pouco a mais. Sem resistir, impulsivamente logo fui clamando para o bom senso daquela pessoa e me intrometi: - Pelo menos espere uns dois meses para que os bichinhos possam amamentar nos primeiros dias de vida, senão eles não vão sobreviver. Isso sem contar que se a pessoa não tem condições de criar, para que ter tantos cães em casa e, se não quiser abrir mão deles, por que não castrá-los? E assim vai...

Uma cidade onde o que predomina são as grandes fazendas de café e gado de corte, entre outras atividades do agronegócio, animal de estimação é algo secundário ou necessário. Outra cultura. Como eu já ponderei, não posso generalizar. Mas fatos assim são recorrentes. E claro que não é só por aqui. Por isso mesmo não preciso enfatizar essa postura apenas no local onde moro. Foi só para exemplificar, afinal isso ocorre em qualquer lugar ainda. Com a Internet temos muito mais acesso aos diversos tipos de tratamento direcionados aos animais. Dos melhores aos mais repugnantes. Ainda hoje, precisamos conviver com crueldades e atitudes inomináveis3. É quando insisto em me perguntar: quem realmente é irracional nesse mundo? Abaixo disponibilizo um link que fala sobre maus tratos de todos os tipos e a várias espécies de animais. Isso definitivamente precisa acabar! 

Enfim, esse texto é mais um desabafo e uma provocação. Quero que sirva para que alguns repensem a sua verdadeira motivação ao comprar ou mesmo ao adotar um animal. Não são mercadorias. São seres vivos que necessitam de gastos, atenção, responsabilidade e respeito.

Escolham bem a espécie e a raça que querem. Pesquisem e optem por aquela que tenham a ver com o que espera de um animal. Com o perfil da sua família. Prevejam as dificuldades para que não os abandonem por qualquer motivo. Eu não escolhi os meus. Mas assumi. Animal é antes de tudo, mais uma responsabilidade em sua vida. Uma deliciosa responsabilidade!! E aí, você realmente está preparado para ter um bichinho em casa?

E muito importante: DENUNCIEM MAUS TRATOS. Em quaisquer circunstâncias.

Na próxima publicação vamos falar de sarna dermodécica. Aprender um pouco mais sobre doenças que acometem nossos bichos pode facilitar até mesmo um diagnóstico pelo médico veterinário. Afinal, além do que ele pode ver, dos exames que pode realizar, o relato de quem convive com o animal pode fazer toda a diferença na identificação rápida da doença. Contaremos o caso do Wellington, um lindo Buldogue Francês que está em tratamento e com o médico veterinário, Daniel Ribeiro Martins.

Até mais ver!!!

Cynthia Silva



1. Cães http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A3o

2. Livro defende nova origem para os cães http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/livro-defende-nova-origem-para-os-caes

3. Como funcionam os maus-tratos de animais http://ambiente.hsw.uol.com.br/maus-tratos-animais.htm

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O que fazer para proteger os animais do frio?


Cães podem sofrer tanto com o calor como com o frio. Isso dependerá de onde e como vive, da sua pelagem, enfim, de alguns fatores que não podemos ignorar. Se eles vivem dentro de casa, talvez protegê-los do frio seja mais fácil. Mas se dormem do lado de fora, como o Zeus, a primeira providência deve ser um abrigo onde eles estejam protegidos contra o frio, a umidade, o vento e a chuva. Outra coisa a se observar é que muita gente quer colocar um animal de grande porte em cubículos. Vamos ter bom senso, não é pessoas? Afinal, dormir confortavelmente e bem agasalhado em noites de inverno é tudo o que nós todos queremos e precisamos, não é mesmo? Por que deveria ser diferente com nossos animais? 


O Zeus possui pelagem curta, mas até agora não vi a necessidade de utilizar agasalhos, o que pode ser indicado para algumas ocasiões. Ele tem uma casinha de madeira que obviamente fica em local arejado, porém coberto. Também fica sobre um estrado. Tal estrutura já impede que o frio e a umidade comprometam sua longa e saudável noite de sono. Para o inverno ainda há um acolchoado, desses que encontramos em Pet Shop, e um cobertor. Aliás, o único que ele não destruiu, não rasgou, não comeu... rsrs. É esse aí da foto. Estiloso meu Zeus, não? Casa própria e bem equipada. Pronto. Exagero? Nada disso. Ele não permaneceria dentro da casinha, com todos os seus acessórios, se realmente não sentisse frio. Pois durante o dia, em geral, dispensa totalmente seu uso, optando pelo chão de piso frio. Aí eu aproveito para retirar tudo de dentro da casinha e deixá-la bem ventilada. O colchão e a coberta vão para o sol. E lógico, cobertinhas devem ser lavadas pelo menos uma vez por semana ou a quantidade que a situação pedir. Higiene também faz parte do processo e previne doenças. É como agimos em causa própria.

Outra providência que tomei, orientada pela veterinária do Zeus, foi incluir no seu esquema de vacinação a vacina contra a popularmente chamada Tosse dos Canis. O medicamento auxilia na prevenção da traqueobronquite infecciosa dos cães. No caso do labrador então, que não dispensa uma brincadeira com água, isso pode ser a melhor arma contra doenças como essa. 


Lógico que, muitas vezes, não dispomos de recursos para criar uma estrutura como a que citei. Mas existem alternativas baratas e que podem ser utilizadas. O essencial é que não podemos negligenciar as necessidades dos nossos cães, gatos ou quaisquer outros animais. Afinal, se temos esses bichos dentro de casa, temos que nos responsabilizar pela sua saúde.


Vamos então ver quem nos dá mais dicas Cãopetentes?

"(...)nos dias e noites com baixas temperaturas é preciso abrigar os animais do vento, chuva e frio. É importante colocá-los em casinhas ou canis que não recebam vento de forma direta. Alguns animais gostam de cobertores e edredons, mas outros os destroem, então uma alternativa é colocar pallets de madeira ou plástico que fiquem distantes do solo cerca de 5 cm; outra opção são os tapetes de borracha que podem ser fixados diretamente na madeira para isolar a friagem e manter o ambiente mais quente."

Essa matéria foi publicada na Revista Época e reproduzida no site da ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais, e oferece boas alternativas pra não deixar que os animais sofram com as baixas temperaturas. Clique no link abaixo e confira.


 http://www.anda.jor.br/13/07/2013/a-temperatura-cai-e-os-cuidados-com-os-animais-aumentam


Como construir uma casinha para cães e gatos?

Para quem possui habilidades para um trabalhinho artesanal e quer se arriscar a construir uma casa para seu companheiro de quatro patas, segue o link com um passo a passo. Apenas sugiro que inclua os pés ou um pallet para colocar a casinha por cima. Afinal, se colocada diretamente no chão, logo logo estará com problema de umidade e mofo. Se construir uma, compartilhe conosco. Queremos conhecer a casinha do seu amigo.  http://lili-tudoblog.blogspot.com.br/2013/05/casinha-de-cachorro-construir-passo.html


Fica a sugestão: sempre que tiver uma dúvida não custa pesquisar. A Internet oferece excelentes dicas e bons sites. Mas nunca deixe de consultar um veterinário. Nada é mais valioso e correto do que a ajuda profissional. Afinal, cada animal possui uma peculiaridade.

Até mais ver!