sexta-feira, 30 de agosto de 2013


Adestramento com reforço positivo. 

Você sabe o que é isso?



Conheça melhor sobre o tema para fazer as escolhas certas e não se frustrar



Apesar de cada vez mais difundido, por meio inclusive de vários programas em canais fechados da tevê, o trabalho do adestrador nem sempre é compreendido da maneira correta e às vezes pode nos levar a buscar por um profissional não-qualificado, ou que utilize técnicas com as quais não concordamos.

Em qualquer consulta que fizermos na Internet, encontraremos diversas técnicas de adestramento. Adestramento de comportamento, de obediência, de agility, preparatório para exposições de raças, de ataque e defesa, de cão-guia, de farejador de minérios, farejador de narcóticos, entre outros. Quem gosta de animais e pesquisa sobre isso, também já deve ter ouvido falar muito em reforços negativo e positivo. Mas afinal, qual o tipo de treinamento queremos para os nossos cães. O que esperamos desses profissionais?

O fato é que estudiosos e pessoas ligadas diretamente a essa área tem buscado, cada vez mais, o reforço positivo, que possui como característica principal, recompensar o animal pelos seus acertos e nunca castigá-los pelos erros.

Ainda bem, não é mesmo? Porque pessoalmente, abomino qualquer tipo de atitude que necessite de algum ato mais agressivo ou quaisquer castigos para ensinar. Não concordo que nem crianças, nem os animais, precisem daquele velho ‘tapinha’ para obterem disciplina. Essa atitude, do meu ponto de vista, denota uma tremenda falta de habilidade, de conhecimento e de argumentos por parte daquele que diz que está ensinando. Ou a total perda de controle das situações, o que naturalmente pode gerar uma atitude que cause sérios prejuízos ao animal e levar ao arrependimento tardio.

Importante mesmo é conhecer o correto para não escolher o errado. Parece óbvio, mas não é o que vemos por aí. Conhecer também é necessário para que não esperemos encontrar a perfeição em nada. E por fim, lembrar que assim como os humanos, os animais também possuem suas necessidades e temperamentos diferentes. Respeite isso e tenha uma vida feliz com seu animal.

Na entrevista abaixo, a bióloga e adestradora de cães da capital mineira, Isabela Jardim, fala um pouco sobre seu trabalho que é de “adestramento de comportamento e obediência”.

 Isabela Jardim, 27, é formada em biologia e trabalha com adestramento há três anos. Seu interesse em treinar cães começou quando ganhou, há seis anos, sua primeira cadela, a Sabrina. Ela começou fazendo truques com Sabrina e achou tudo muito fácil. Mostrou aos amigos e estes começaram a pedir que fizesse o mesmo com seus cães. 

 Foi tudo tão simples que estranhei. Foi então que percebi que eu tinha essa facilidade de entender o comportamento deles. Mas só depois de formada é que me aprimorei com estudos nessa área e comecei a atuar profissionalmente como adestradora”, contou Isabela.

A educadora de cães tem mais duas cachorras, além da Sabrina, que é uma Poodle de seis anos. Suas companheiras são a Brisa, vira-lata de dois anos e Mabel, uma outra Poodle, a caçula da família com apenas um ano. Isabela diz que “todas são adestradas e o convívio entre elas e com as pessoas é bem harmônico. Mas longe de ser perfeito. Acho que isso é impossível em qualquer relação.”

As três cadelinhas da Isabela são adestradas e bem felizes. Olhem essas carinhas!
Cãopetente  – Explique a técnica que utiliza, de adestramento de comportamento e obediência.

Isabela Jardim - O método que utilizo no adestramento é o chamado reforço positivo. Ele consiste em treinar recompensando o cão sempre que atende o que lhe é pedido. As recompensas podem ser brinquedos, petiscos, carinhos, enfim, coisas que interessem ao cão. Utilizo o clicker para treinar. O clicker é um marcador de comportamento que produz um som bem distinto. Quando o aciono, o cachorro recebe a recompensa logo em seguida. Assim, ele  sabe que quando ouvir aquele clicker vai receber algo bom e repete o comportamento que queremos. Alguns treinadores ainda usam métodos aversivos ou reforços negativos - coleiras de choque, pancadas, cutucões, sprays de água e outros. Mas acredito que usando apenas reforços positivos é possível treinar um animal. A partir do respeito e não do medo o aprendizado é muito mais rápido, mais feliz e o animal tem menos chances de se tornar problemático no futuro.

Cãopetente – Há um animal mais difícil de ser treinado? 

Isabela Jardim - Qualquer animal pode ser adestrado, seja filhote ou mais velho, macho ou fêmea, e de qualquer raça. Um animal que seja inseguro é normalmente um pouco mais difícil de adestrar, pois é preciso antes do treinamento que o dono deseja, treinar esse animal para confiar no adestrador. Mas nada que impeça que o adestramento ocorra tranquilamente. Já o mais fácil é exatamente o oposto. Um animal que não seja medroso e que fique bem tranquilo perto de pessoas estranhas.

Cãopetente – Mas existe uma idade ideal para começar um treinamento?

Isabela Jardim - A idade em que o cachorro absorve melhor é de três aos cinco meses. Mas isso não quer dizer que se você treinar seu cão após essa idade ele vai aprender menos. Não existe idade ideal. Um filhote, considerado assim até um ano de idade, aprende com maior facilidade. Mas animais mais velhos também aprendem com facilidade, porém com menos rapidez. No entanto, o treinamento é tão eficaz quanto com cães jovens. Já adestrei um Poodle de nove anos e foi muito tranquilo

Cãopetente – Quando há um problema de comportamento, este precisa ser corrigido antes do adestramento? Ou o trabalho já contempla as duas coisas simultaneamente?

Isabela Jardim - Pessoalmente gosto de trabalhar as duas coisas juntas, porque ao abordar um problema de comportamento, ensinando um comando - senta, deita ou fica -, o cachorro consegue focar melhor no treinamento e entender o que queremos dele.

Cãopetente – Dê o passo-a-passo do adestramento.

Isabela Jardim - Gosto sempre de trabalhar no começo com comandos básicos, como ‘senta’ e ‘deita’. A partir do momento em que o cachorro está bem nesses comandos, aprimoro e dificulto, entrando com os comandos ‘fica’, ‘junto’, e assim por diante. Sempre trabalhando principalmente com o que o dono está mais incomodado. É muito raro me procurarem para adestrar apenas obediência. A grande maioria dos meus clientes me procuram em função de problemas comportamentais.

Cãopetente – Existe um ápice do aprendizado? Uma última etapa?

Isabela Jardim -  Isso depende muito do que o dono quer. O cachorro, assim como nós, nunca para de aprender. Podemos levar seu treinamento para sempre, com comandos cada vez mais elaborados. Depende de até onde você quer que seu cão chegue.

Cãopetente – Há animais que demandam mais tempo de treinamento? Quanto tempo, em média, é preciso para adestrar?

Isabela Jardim - O tempo de aprendizagem depende muito dos antecedentes do cachorro. Um cão resgatado das ruas, para citar um exemplo, pode apresentar inúmeros traumas e dificuldades, mas isso não impede que ele evolua rapidamente. São apenas mais questões a serem trabalhadas. Por isso, é impossível determinar o tempo de adestramento de um cão. Cada caso é um caso, cada cachorro é um cachorro. Depende muito da personalidade do animal e do envolvimento do dono no treinamento. Quanto mais o dono participa e trabalha junto às orientações do adestrador, mais rápido aparece a resolução do problema do animal, se for o caso.

Cãopetente – Então podemos afirmar que o comprometimento do proprietário é importante?

Isabela Jardim - O envolvimento do proprietário faz toda diferença. Quanto mais participativo, mais fácil para o cão assimilar e, consequentemente, mais rápido é o treinamento.

Cãopetente – Onde você adestra os animais?

Isabela Jardim - Eu vou até a casa do animal e, preferencialmente, trabalho com o dono ao meu lado. Não o adianta o cachorro ser super comportado comigo e quando chega para o proprietário, ele não sabe como dar os comandos ou como reagir a certas situações. Então o cachorro leva a culpa por não estar fazendo o correto.

Cãopetente – Quais os benefícios para os animais quando são adestrados? E para seus donos?

Isabela Jardim -  Para os animais é excelente, pois é um estimulo mental enorme. Eles sentem falta de gastar energia e de gastar o cérebro também. Precisam de estímulos e por meio do adestramento obtêm ê
xito. Além disso, imagino que deve ser um alivio finalmente entenderem o que os humanos querem deles. Para os donos também é muito bom estabelecer uma relação de confiança e entendimento com seu cão. Dessa forma, conseguirá o que quer do cachorro.

Cãopetente – O que é mais fácil e mais difícil em seu trabalho?

Isabela Jardim - Meu trabalho é muito gratificante e seria ingratidão demais eu reclamar. Sou uma dessas pessoas sortudas no mundo que fazem o que ama. Trabalhar com os cães é bem fácil e tranquilo. Os problemas surgem normalmente quando os donos não seguem o que sugerimos e não tem interesse no treinamento.




Quer conhecer mais sobre adestramento? Ou adestrar o seu cão? A Isabela Jardim mora em Belo Horizonte/MG. Mas existem muitos profissionais em todo o País. Apenas tenham o cuidado de conhecer o método utilizado pelo adestrador. Ninguém quer que seu animal aprenda a qualquer custo, quer? Procure referências, informe-se antes. Certamente terá um animal mais feliz e será um dono além de consciente, mais bem entrosado com seu animal.

Quanto a Isabela Jardim, posso dizer por uma experiência breve, porém muito positiva, que ela é bastante Cãopetente. Não é Zeus??? Não à toa quis que ela fosse a primeira a falar sobre o tema no blog. 

Conheça sua página no Facebook: Bela Educadora de Cães. 
Caso queiram entrar em contato, seu email é belajardimbio@gmail.com.

Esse assunto é muito importante e ainda há bastante a ser dito. Nosso próximo texto vai focar algumas questões comportamentais dos animais. A entrevista dessa vez será com a Adestradora e Consultora Comportamental, franqueada da Cão Cidadão, Cassia Rabelo Cardoso dos Santos. Para quem está antenado no assunto, a Cão Cidadão é a empresa do adestrador Alexandre Rossi, que preconiza o Adestramento Inteligente, isso é, também trabalha com o reforço positivo. 

Até mais ver.

2 comentários:

  1. Muito boa a entrevista! Conheço o trabalho da Bela e sei o talento que ela possui! Como é bom ver esse esforço reconhecido, e uma técnica tão boa difundida para os leigos.

    Está de parabéns Cy!

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    Respostas
    1. Imagine!!! Eu é que tenho que agradecer a confiança e a possibilidade de repassar informações tão importantes e, sobretudo, aprender!

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