sábado, 8 de março de 2014

Mulher e protetora!



O Cãopetente gosta de contar histórias de pessoas que dedicam boa parte do seu tempo no resgate e cuidados de animais abandonados. São inúmeras. Encontramos esses personagens, em geral pelo Facebook. O que conseguimos passar, certamente não aponta para um décimo dos problemas que enfrentam todos os dias para manutenção e para a busca de lares dignos para os animais. Mas o que move tamanha disponibilidade é sempre o mesmo sentimento: o amor.

Hoje vamos aproveitar o Dia Internacional da Mulher e tentar homenagear todas elas a partir da história da protetora Maria Thereza Hermeto. Ela mora em Nova Lima, Minas Gerais, com a mãe e irmã. Possui uma página no Facebook chamada AUrfanato Tete Hermeto. A Educadora Física, desde 2009 decidiu ajudar animais abandonados pelas ruas. Por quê? A gente vai saber. Mas o grande segredo que Maria Thereza não quis revelar é a quantidade de animais resgatados que possui em casa. Hummmmm. Imaginem então se multiplicarmos o número de cães pelas suas quatro patinhas?

 

Cãopetente - Fale um pouco sobre você. Onde nasceu, onde mora e porque decidiu ser uma protetora de animais?
Maria Thereza - Nasci em Belo Horizonte. Atualmente resido em Nova Lima.  Sempre que via um animal na rua, comprava alguma coisa para dar a ele: pão, leite, qualquer coisa. Até o dia que peguei o primeiro. Ele havia sido atropelado. Isso foi no ano de 2009. Eu sabia que mesmo salvando um, poderia mudar a realidade dele. Desde esse dia, não consigo mais passar direto por eles e não fazer nada. 

  

Cãopetente - Em sua casa você possui muitos animais? 

Maria Thereza - Muitos. Rsrsrs. Segredo de estado. 



Cãopetente – Mas conte para a gente. É mesmo em sua casa que você abriga todos os bichinhos resgatados ou possui algum outro lugar específico para isso?

Maria Thereza - Antigamente era em casa. Mas chegamos no limite. Agora vão para um lar temporário ou abrigo até a adoção. Já cheguei a ter 36 cães em casa. 



Cãopetente – Fale sobre o primeiro animal que resgatou em 2009.

Maria Thereza – Amarelo. Ele foi abandonado na minha rua com a irmã. O CCZ conseguiu pegar a irmã, mas ele fugiu. Tentei pegá-lo, mas ele ficava nervoso. Até que foi atropelado. Teve que fazer uma cirurgia, paguei com o Fundo de Garantia, mas como ele vivia na minha rua, os vizinhos contribuíram e quitaram tudo. Desde então, nós o adotamos. 



Cãopetente - De que maneira os animais chegam até você?

Maria Thereza - De todas as formas. Recebo muitas ligações pedindo resgates, pelo Facebook, e tem aqueles que eu mesma vejo quando passo em algum lugar. 


Cãopetente – Qual a sua maior demanda? Filhotes, animais adultos ou idosos? 

Maria Thereza - Iguais. Mas dou prioridade aos doentes, machucados, mãezinhas e filhotes... Infelizmente, não dá para salvar todos. 



Cãopetente – Qual a maior dificuldade que você encontra na atividade de protetora?

Maria Thereza - Lares temporários até o animal ser adotado. 

 Cãopetente - Tem parceria com veterinários?

Maria Thereza - Sim. Conseguimos preços melhores. Mas não temos gratuidade, nem apoio dos órgãos públicos. Exceto no caso da castração que a prefeitura de Belo Horizonte oferece gratuitamente, mas precisamos esperar em média dois meses por uma vaga. 


Cãopetente - Como faz para conseguir rações e medicamentos?

Maria Thereza – Os recursos normalmente saem do próprio bolso. Às vezes conseguimos doações, mas não é sempre. 

 Cãopetente - Como planeja as feiras de adoções? Consegue parcerias para esses eventos?

Maria Thereza  - Os pet-shops nos procuram para fazer as feiras. Algumas marcas de rações fazem parceria distribuindo amostras durante a feira. 


Cãopetente - Além das feiras de adoção, quais os canais de divulgação dos animais que precisam de novos lares?

Maria Thereza – Utilizo e-mail e a página do Facebook. (https://www.facebook.com/aurfanato?fref=ts)

Cãopetente - Conte um caso que te emocione sempre que se lembra dele.

Maria Thereza - São tantos... Mas temos o Francisco. Ele foi resgatado em 2012. Participou de muitas feiras de adoção. Possuía um olhar triste, muito triste. Todos se apaixonavam, mas ninguém o levava. Recentemente, uma pessoa se apaixonou e o adotou. Foi morar em uma casa gramada e com uma irmã canina. Quando o levei, ele pulou na minha perna e olhou no fundo nos meus olhos. Não estava mais triste. Era um olhar de agradecimento pelo tempo que passamos juntos e por eu nunca ter desistido dele. 

Cãopetente – Na prática, alguns cuidados precisam ser tomados ao abordar um cão durante o seu resgate. Afinal, principalmente aqueles que são maltratados ou nas ruas ou por donos, às vezes atacam por medo. Ou mesmo fogem. Como você procede?

Maria Thereza - Sim. Mas nunca fui atacada. Já resgatei uma pitbull parindo na rua e ela não nos atacou. Mas, normalmente, eles correm quando tem medo. Animais sentindo dor também podem morder. Tentamos utilizar um pano em alguns casos.

Cãopetente - Depois que consegue um lar para seus animais, há alguma forma de acompanhar se os proprietários estão cuidando do cão de maneira adequada?

Maria Thereza - Sim. Chamamos de pós-adoção. No contrato de adoção já deixamos claro que apareceremos sem avisar. Além disso, telefonamos e trocamos mensagens também. 

Cãopetente - Existem muitos casos de devolução? Se sim, quais os principais motivos alegados pelas pessoas?
 
Maria Thereza - Alguns. Eu já tive casos que a alegação era o choro do cão, falta de adaptação... Ou que o cão estava precisando de mais espaço. Já tive um caso de um animal que fugiu do adotante dois dias depois da feira e não me avisaram. Quando fiquei sabendo e divulguei, com muita sorte, encontrei ele a sete quilômetros da casa do adotante, em uma empresa. Mas existem casos de gravidez, mudança para apartamento, etc. 

Cãopetente - Tem mais pessoas que trabalham com você? 

Maria Thereza - Muitas. Atualmente, somos sete mulheres. Cada uma faz seus resgates, mas trocamos medicação, conselhos, e nos auxiliamos em feiras e lares temporários. 



Guardamos essa entrevista que já deveria ter sido publicada em fevereiro para hoje, para homenagear por meio da história da Maria Thereza, como citamos acima, todas as mulheres que além de cuidarem das suas atividades do dia a dia, ainda encontram tempo para salvar a vida de tantos animais que permaneceriam com seu destino incerto nas ruas ou nas mãos de pessoas inadequadas, O que seria deles se não fosse o amor e a obstinação dessas mulheres?

Muitos homens também se dedicam a essa causa, nós sabemos. Mas nas buscas que fazemos pelas redes sociais, não há como comparar a quantidade de mulheres nessa atividade. Mulheres guerreiras, teimosas, fortes e determinadas. Sorte de cada animal que elas resgatam.

Nós, do Cãopetente, parabenizamos a todas nesse dia. Parabéns aquelas que já nos contaram suas histórias, todas a quem não conhecemos, mas que nesse exato momento não devem nem se lembrar que há um dia dedicado a elas. Pois devem estar realizando mais um resgate ou, no mínimo, cuidando daqueles que já estão sob sua responsabilidade. Parabéns!!

Como encontramos nossos personagens?

Devemos aos nossos entrevistados a continuidade do blog Cãopetente. Pois seu principal objetivo é esse. Publicar entrevistas feitas por nós (eu e Zeus, rsrs), e repassar informações sobre diversos assuntos, mas não apenas aqueles já publicados na Internet. Damos visibilidade a quem já a possui, mas também aos menos conhecidos pela maioria. Sempre buscamos nossos personagens nas redes sociais ou chegam até nós por indicação ou sugestão. 

A Maria Thereza, por exemplo, foi um caso que vi no Facebook e que me chamou a atenção. Ela já respondeu nossa entrevista há algum tempo. Mas como sua atividade é permanente, guardamos sua história e escolhemos o dia de hoje para publicá-la, por ela ser mais uma mulher protetora.

Também guardamos outras entrevistas sempre com a intenção de manter uma sazonalidade na publicação dessas histórias que não envelhecem com o tempo. 

Por outro lado, temos inúmeras entrevistas enviadas esperando por respostas. As pessoas sempre demonstram muito boa vontade. E tem mesmo. Mas como não somos um veículo de comunicação de massa e não temos prazos rígidos, algumas vezes outras prioridades atrasam o retorno dessas pessoas. Por isso, optamos em não anunciar nenhuma entrevista, antes que já esteja na caixa de email. E também, por isso, algumas vezes demoramos a publicar o que temos. 

Explico, porque esperamos que nossos pontuais entrevistados nos perdoem algum atraso ou demora. Mas garantimos que nada será perdido. Ao contrário. E todos os dias buscamos ansiosamente no email o retorno daqueles que por um motivo ou outro, ainda nos presentearam com suas histórias.


A todos, somos muitos gratos, não é Zeus?

Até mais ver.

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