Fred, o 'reizinho' capixaba

Ninguém pode afirmar se o Fred foi um gatinho fujão ou se foi abandonado. O fato é que agora ele tem um novo lar e muito amor.

Quando nos colocamos disponíveis, temos a grande chance de completarmos lacunas importantes nas nossas vidas e de realizar sonhos alheios. Podemos até salvar vidas. É assim mesmo. Adotar é um ato de pura disponibilidade e amor. E quando me atrevo a cometer essa afirmação, falo de vidas de quaisquer espécies. Adotar é também doar, não é mesmo? É uma decisão. Um ato que não precisa estar vinculado à caridade nem a uma atitude cristã. Sua associação mais direta, do meu ponto de vista, é mesmo a disponibilidade de bons sentimentos. Dito isso, pretendo enaltecer a todos que fazem essa escolha e contar algumas das inúmeras histórias que podemos encontrar por aí.

No Cãopetente, é claro que vamos falar de adoção de animais. E hoje é a vez do Fred. Um reizinho de pouco mais de um ano de idade que encontrou um coração disponível para ele.

Só que no Pet a Pet de hoje quem fala primeiro é quem o acolheu. Depois o papo é por conta do Zeus.

Carla Alves Machado, 43 anos, mora no Espírito Santo e foi a sortuda que se apaixonou pelo Fred quando viu sua foto publicada na comunidade do Facebook,  Amizade é um Luxo. Ela mora sozinha, mas certamente, nos quase três meses de adoção, viu sua rotina um pouco mais preenchida por essa presença felina, esse lindo gatinho. Um detalhe: o Fred já era castrado. Será que se perdeu ou é mais uma vítima de abandono?

Cãopetente – Quando e onde você viu o Fred pela primeira vez?

Carla Machado – Eu o vi na página do Amizade é um Luxo, logo que foi postado, no dia 22 de julho deste ano.

Cãopetente -  Viu o Fred numa foto especial feita por Yara Guimarães e sua equipe. Você acha que toda essa produção ajuda na adoção desses animais?

Carla Machado –  Faz uma diferença enorme, pois os bichinhos aparecem todos produzidos e acho que isso faz com que as pessoas olhem com mais atenção e interesse. No meu caso, quando vi o Fred me apaixonei pelo seu olhar de pidão. E entrei em contato rapidamente com Ana Paula Bringuente, que era a pessoa que estava com ele. Torci muito para tudo dar certo.

Cãopetente - Quais foram as condições exigidas para que você pudesse adotá-lo?

Carla Machado –  Conversamos por vários dias. Descrevi como seria o ambiente onde o Fred iria morar, minha rotina diária e o motivo pelo qual gostaria de adotá-lo. Eu o queria como uma companhia. Mas além disso, também gosto muito dos bichinhos, e já procurava por um há alguns dias. Preparei a casa e telei todas as janelas, uma vez que moro no terceiro andar.

Cãopetente – E como está sendo a convivência com o Fred?

Carla Machado – Está bastante tranquila. A adaptação dele foi muito rápida. Ele é super ‘tranquilinho’ e carinhoso e gosta muito de ficar perto da gente. Ele conquistou todos com quem tem contato.

Zeus, agora é com você. E o Fred, o que tem a dizer para o Pet a Pet?

Zeus – E aí Fred? Tudo bem? Não se assuste com meu porte, nem pelo fato de eu ser de uma espécie historicamente inimiga dos gatos. Minha dona de estimação explicou que precisamos ser amigos de todos. Então fique tranquilo. Outra coisa importante é que não sei miar, então fale devagar para que eu possa entender bem suas respostas, tá bom?

Fred – Miauuuuuuu.

Zeus – Conte um pouco da sua história até ir morar com a Carla.

Fred -  Rrrrrrrrrrrrr. Eu me lembro é de estar na rua, me sentindo sozinho, até com alguns medos. Até que duas moças muito legais, carinhosamente me pegaram e uma delas me levou para sua casa. Desde então vivo mesmo como um 'reizinho'. Miauuuu. Ouvi aquelas pessoas falarem que estavam espalhando panfletos pelas ruas próximas de onde fui encontrado para ver se eu pertencia a alguma família. Como não encontraram ninguém fui colocado para adoção.

 Zeus – (Esse ronronar dos gatos me assusta um pouco. Mas tenho que me acostumar e me concentrar, cainn... ). Fred, o que você faz na sua nova casa?

Fred -  Aqui sou muito feliz. Eu durmo muito, assim como todos os meus parentes felinos. Mas sempre que estou acordado, procuro ficar perto da minha dona, a Carla, e do namorado dela também. Acho que eles gostam muito de mim.

 Zeus – Mas não faz mais nada além de dormir, comer e procurar carinho?

Fred – Eu sou muito ativo. Durmo só para repor a energia.Tenho alguns passatempos. Um deles é assistir televisão, de preferência pertinho da minha dona, deitado confortavelmente no sofá. Afinal, sou o rei da casa. Costumo também fazer companhia para a Carla quando ela está trabalhando. Adoro passear pela mesa dela, ficar olhando o que ela faz no computador, além de dar uma espiada em todos os seus papéis. Ás vezes tento encontrar alguns amigos nas redes sociais também. Estou aprendendo a mexer naquele teclado. Mas o que me chama atenção é o mouse (he he he).

Zeus – Você é curioso, não é? E aviso logo que aquele mouse você não pode comer, tá bom?

Fred – Sou um pouquinho curioso sim. Por isso logo percebi que aquele 'rato' não pode fazer parte da minha cadeia alimentar. Rrrrrrrr. Também gosto de saber tudo o que a Carla faz naquele computador. Mas enquanto minha dona trabalha eu aproveito para ficar olhando o movimento da rua pela janela.

Zeus -  Na janela? Mas você mora no terceiro andar de um prédio. Não tem medo de cair?

Fred – Zeus, os gatos realmente são mais atentos e observadores do que os cachorros. Sem querer te ofender, amigão. Miauuuuuuu. Mas eu disse que fico na mesa da minha dona, observando a janela. E tem outra coisa, você não leu o que a Carla contou para a sua dona de estimação? Antes de me adotar, ela colocou tela em todas as janelas. É tudo muito seguro.

Zeus – Oops. É mesmo. Mas voltando às suas atividades. O que mais você gosta de fazer?

Fred – Adoro correr pela casa e brincar. E quanto às janelas de casa tenho uma preferência por aquela que fica na área. Lá posso observar vários pombos voando de lá pra cá. Fico alerta. Ainda bem que eles não conseguem entrar. Não sei se iria resistir. Rrrrrrrrr.

Zeus – Ouvi dizer que você é o despertador da casa...

Fred – É só para garantir a comidinha na hora que a minha barriga começa a roncar. Acordo a Carla e ela já sabe que quero ração. Mio e faço um charme, pois também aproveito para ficar bem grudadinho nela e ganhar muito carinho. Me arrepio todo... Rrrrrrrr.

Zeus – Você está feliz com sua nova vida, Fred? O que você diria aos humanos que querem ter um gatinho?

Fred – Estou muito feliz. Tenho uma humana só para mim, que me faz muito carinho. Minha ração é deliciosa e quando quero dormir, além do sofá, tenho uma cama quentinha e aconchegante, só minha. Os humanos precisam adotar mais animais como eu. Existem muitos gatos e cachorros sozinhos esperando por alguém que cuide deles como eu estou sendo cuidado. Eu tive muita sorte e torço para que todos consigam uma família como a que eu tenho agora. Outra coisa importante, Zeus, é castrar os animais. Isso pode evitar o número excessivo de animais abandonados, que passam frio, fome, medo e podem ser maltratados por pessoas que não são tão 'humanas' assim.

Zeus – É isso aí, Fred. Você é mesmo muito bacana. Bem que a minha dona de estimação disse que os gatos também são legais. E você está certo. Precisamos sensibilizar as pessoas para adotarem mais animais. Valeu pela entrevista, parceiro.

Fred – Tomara que esse nosso papo possa ajudar a outros animais, Zeus. Agora vou pegar essa continha que está sob o teclado e pagar na internet para minha dona. É a conta da minha ração.

E a próxima?

Zeus agora está ampliando sua rede de amizades, vocês viram? Por aqui tem um gatinho que sempre passeia pelo muro e o Zeus ladra até se cansar. Considerando que ele tem a mesma atitude com todos os pardais, rolinhas, maritacas, pombos e até mesmo com as pipas que as crianças soltam nos arredores de casa, acho que a questão não é apenas instintiva. Até porque, se um gato resolver encarar, o Zeus, esse cão valente, enfia o rabo entre as pernas e logo se afasta. Aproveitando esse espírito manso (rsrs), o estimulei a ser amigo de todos os animais. E aí está ele, entrevistando um representante da espécie felina. Não é demais?

As próximas entrevistas também contarão histórias de animais que foram adotados. E terão mais gatos para o bate-papo. Aliás, gatas 'gatíssimas'. Lembram-se da Matilda e da Maria Mienta que foram citadas na entrevista com a Marilena de Campinas? Aquela protetora que faz parte do grupo ResGatinhos? Elas também contarão suas aventuras. E a vida daquelas lindeza não foi nada fácil. Além de alguns cachorrinhos que, como o Fred, foram super produzidos pela Yara Guimarães.

Aguardem.

Até mais ver!